Título: Gasto de energia industrial tem primeira queda no ano
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 28/10/2008, Brasil, p. A3

O consumo industrial de energia elétrica de setembro já mostra sinais de que a turbulência financeira mundial bate às portas da economia real no Brasil, segundo avaliação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Pela primeira vez neste ano o consumo ficou ligeiramente abaixo -168 gigawatts/hora (GWh) - do registrado no mês anterior. A queda foi de 15.765 GWh para 15.597 GWh (um gigawatt corresponde a um milhão de kilowatts). A taxa de crescimento acumulada em 12 meses, 4,6%, foi a menor do ano, um ponto percentual abaixo dos 4,6% de abril.

"Pode-se perceber nessas estatísticas os primeiros sinais de arrefecimento do ritmo da produção industrial", diz o texto da "Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica" , divulgado pela EPE. A empresa reduziu de 4,8% para 3,8% a previsão de aumento do consumo de energia elétrica.

As projeções conjuntas da EPE e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam que o consumo deste ano será de 392,9 terawatts/hora (TWh), contra 396,5 TWh da previsão mantida ao longo do primeiro semestre. Um terawatt/hora corresponde a um bilhão de kilowatts/hora. Segundo os estudos, dos 3,6 terawatts de diferença, 2,2 serão decorrentes de fatores conjunturais. O setor industrial deverá contribuir com quase 30% da quebra de expectativa, "diferença concentrada, basicamente, no quarto trimestre".

Apesar desses números pouco otimistas, o consumo total de energia elétrica em setembro foi o maior do ano, alcançando 33.362 GWh, com aumento de 4,8% em relação a setembro de 2007. Segundo os dados da EPE, o consumo comercial liderou o aumento, crescendo 6,8%, contra 4,9% do residencial e 4,2% do industrial.

Nos nove primeiros meses do ano, o consumo de energia alcançou 280.927 GWH, crescendo 4,3% sobre o mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, a liderança é do segmento residencial, com 5,3%, seguido do comercial, com 5,2% e do industrial, com 3,7%. Nos 12 meses encerrados em setembro, o crescimento do consumo ainda está nos 4,8% inicialmente previstos, tendo à frente o segmento comercial, com 5,4%.