Título: Petrobras mantém plano de pólo têxtil em PE
Autor: Santos , Chico
Fonte: Valor Econômico, 30/10/2008, Empresas, p. B9

A saída do grupo Vicunha do projeto de construção de um pólo petroquímico voltado para a cadeia do poliéster (fio têxtil) em Pernambuco não arrefeceu o ânimo da Petrobras de levar o empreendimento adiante. Tanto que a estatal decidiu ampliá-lo construindo, além das duas unidades já programadas, também uma fábrica de PET (plástico usado principalmente na produção de garrafas) orçada em aproximadamente US$ 300 milhões. Mas a estatal pretende, primeiro, encontrar um ou mais parceiros para dividir o custo do empreendimento que agora passa de US$ 1 bilhão. Leo Pinheiro / Valor

Costa: "O objetivo é construir com parceiros. Se não for possível, vamos sozinhos"

As informações foram dadas ao Valor pelo diretor da área e abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa, responsável também pela área petroquímica da estatal. Segundo ele, não haverá atraso no projeto, previsto para operar a partir de 2010, e as obras serão executadas mesmo que não seja viabilizada nenhuma parceria. "O objetivo é fazer com parceiros. Se não for possível, fazemos sozinhos, mas não é essa a intenção", disse Costa.

O projeto inicial era de uma fábrica de ácido tereftálico purificado (PTA), insumo básico do PET, chamada PetroquímicaSuape, orçada em US$ 500 milhões e com capacidade para produzir 640 mil toneladas por ano. Essa unidade era dividida por igual com a Vicunha, por intermédio da Companhia Integrada Têxtil do Nordeste (Citene).

A segunda perna do projeto era a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe), associação da Citene (60%) com a Petrobras para a fabricação de até 215 mil toneladas anuais de polímeros e fios de poliéster (POY). Essa unidade, avaliada em US$ 320 milhões, seria a principal cliente da fábrica de PTA, mas absorveria menos de 30% da sua produção (180 mil toneladas anuais). Este mês a Vicunha, controlada pela família Steinbruch (CSN), desistiu do projeto e vendeu suas participações à Petrobras por R$ 31,2 milhões.

Ontem, Costa disse que a Petrobras não só vai levar o projeto adiante, sem atraso, como já está incluindo nas negociações com possíveis novos parceiros o acréscimo da produção de PET, que seria a outra grande cliente da unidade de PTA. A intenção inicial da Petrobras e do grupo Vicunha era atrair para o projeto da italiana Mossi & Guisolfi (M&G) que já produz PTA em Pernambuco, mas as partes nunca chegaram a um acerto. Isso, segundo Costa, determinou a necessidade de incluir a unidade de PET no projeto da estatal.

A primeira opção de parceria que a Petrobras vem negociando é o grupo indiano Reliance, um gigante com vendas anuais superiores a US$ 35 bilhões. O Reliance tem um memorando de entendimento com a Petrobras, mas até agora não se definiu. Segundo Costa, uma delegação da Petrobras (deve incluir também representantes do governo de Pernambuco) irá à Índia em novembro para conseguir uma definição dos indianos.

Costa disse ontem que, independentemente dos indianos, outros candidatos a parceiros estão também negociando com a Petrobras. Segundo ele, no estágio atual das negociações ainda não é possível revelar nomes, mas disse que nessas negociações já estão previstas as três unidades. O grupo Odebrecht pode ser um desses parceiros. Com o acréscimo da produção de PET, o projeto total, localizado no município pernambucano de Ipojuca, área do porto de Suape, sobe para cerca de US$ 1,1 bilhão.

Embora o cronograma preveja que a fábrica de POY seja a primeira a entrar em operação, a terraplanagem da fábrica de PTA foi a primeira a ser feita. Segundo Costa, as duas entram em operação em 2010, na ordem originalmente prevista. Já a unidade de PET ainda não tem cronograma definido.