Título: Solução para crise passa pelos emergentes, afirma Lula
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Fonte: Valor Econômico, 31/10/2008, Brasil, p. A5

A atual crise financeira global é sistêmica e não será resolvida sem a participação dos países em desenvolvimento, afirmou ontem em San Salvador o presidente Luiz Iná­cio Lula da Silva. Em discurso na sessão plenária de chefes de Estado e de governo da 18ª Cúpula Ibero­-Americana, em EI Salvador, Lula destacou que os atuais mecanismos internacionais foram incapazes de prever a crise e também não estão conseguindo resolver suas conseqüências.

"É preciso refundar os mecanismos de governança global, com maior participação dos países em desenyolvimento. É dian­te das crises que a nossa capaci­dade de inovar é posta à prova", afirmou Lula no discurso. O presidente brasileiro acrescentou que os países emergentes não podem ser excluídos dos processos decisórios, pois muitas vezes são os mais atingidos.

"É também necessário repen­sar os organismos financeiros in­ternacionais, conferindo-lhes a indispensável capacidade regu­latória", propôs, dizendo que to­dos os países são vítimas dos que ¿especulam com esperanças e vendem ilusões".

O presidente mencionou a reunião extraordinária do Mer­cosul sobre a crise, na última segunda-feira, em Brasília, e insis­tiu na tese de que a resposta mais correta às turbulências é maior integração e menos subsídios. "Por isso continuamos a apostar na conclusão rápida e com sucesso Rodada Doha",disse Lula. "Precisamos encontrar respostas que estimulem a economia real e promovam o crescimento."

Lula também afirmou que o país vai manter o plano de investimentos de R$ S04 bilhões até 2010, previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apesar da turbulência causada pela crise financeira internacional. "Não podemos permitiu que essa crise econômica, fabricada por especuladores que transformaram a economia e o sistema financeiro em um cassino, venha a proibir que um país faça os investimentos que tem que fazer", disse.

Lula chegou quarta-feira à noite em San Salvador para o encontro do qual participam outros líderes de países da América Lati­na, como os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do México, Felipe Calderón. Ontem, ele seguiu para Cuba, onde dis­cutirá acordos de energia com o presidente Raúl Castro. Lula deve visitar Fidel Castro, que não é vis­to em público desde julho de 2006, pouco antes de deixar o poder por problemas de saúde.