Título: Brasil quer ampliar intercâmbio com o Irã
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Fonte: Valor Econômico, 03/11/2008, Brasil, p. A3

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, encerrou ontem visita a Teerã, onde participou da abertura do encontro empresarial Brasil-Irã . Foi a primeira visita de um chanceler brasileiro àquele país, desde 1991, e teve o objetivo de ampliar o comércio entre os dois mercados. O Irã é o maior importador brasileiro do Oriente Médio, absorvendo no ano passado, de acordo com segundo o Itamaraty, 28,7% das exportações nacionais para a região.

O Brasil é extremamente superavitário no comércio com o Irã. De janeiro a setembro deste ano, o país exportou US$ 756 milhões para este país do Oriente e importou apenas US$ 7,2 milhões, gerando um saldo positivo de US$ 748 milhões. Os principais produtos brasileiros vendidos no Irã são carnes bovinas, óleo e bagaço de soja, açúcar e minério de ferro. Na importação, os dois principais itens são trióxido de molibdênio (um metal) e uvas secas.

No encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Manouchehr Mottaki, o chanceler brasileiro destacou a atual situação da economia brasileira e a distribuição de renda existente no país, informou a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores (MRE). "Aos governos cabem criar as nuvens. Mas quem faz chover são os empresários", disse Celso Amorim.

Na capital iraniana, o ministro brasileiro também comentou as questões nucleares que envolvem o Irã. Celso Amorim enfatizou que o assunto deve ser resolvido pelo diálogo. "O Brasil reconhece que todos os países têm o direito de desenvolver programas nucleares para usos pacíficos", acrescentou. Ele destacou ainda o papel da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) para solucionar as divergências entre o Irã e os países que criticam o governo daquele país e sua política energética. O Brasil se colocou à disposição para a busca de soluções para as negociações.

Celso Amorim foi recebido no sábado, em audiência, pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a quem entregou carta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com proposta de visitas de alto nível entre os dois governos.

Eles conversaram sobre a atual crise financeira global e concluíram que também existe crise de governança. Neste sentido, o chanceler brasileiro destacou a importância dos países se entenderem e "procurarem influenciar o redesenho da ordem internacional".

A visita de Amorim se insere na estratégia do governo brasileiro de reforçar contatos, estimular a diversificação dos laços comerciais e manter o diálogo entre os países em desenvolvimento. De acordo com o Itamaraty, a última visita de um chanceler brasileiro a Teerã foi há 17 anos.