Título: UE quer forçar bancos a elevar financiamentos
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 03/11/2008, Finanças, p. C2

Medidas para forçar os bancos a aumentar os financiamentos se quiserem ajuda dos governos, e maior participação do Brasil, China, Índia e outras economias emergentes na governança global. Esses são alguns dos pontos que a União Européia (UE) discutirá em reunião extraordinária esta semana para fixar sua posição comum para o encontro de cúpula do G-20 em Washington, no dia 15, para debater a reforma do sistema financeiro internacional.

No encontro de Washington, vários países vão apresentar suas visões sobre as reformas das instituições que dirigem os mercados financeiros globais, e sobre o que fazer no curto prazo para frear a hemorragia provocada pela crise.

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, informou a empresários em Roma que medidas concretas deverão ser tomadas para forçar os bancos a emprestar mais, ainda mais se recorrerem a ajuda do Estado para se recapitalizem. O presidente francês Nicolas Sarkozy, na presidência rotativa da União Européia (UE), disse que os bancos franceses concordaram em aumentar os créditos em 4% em troca de ajuda do Estado. A França quer que o G-20 discuta também a revisão de códigos de conduta para evitar incentivos a riscos excessivos na indústria financeira, incluindo os modelos de compensação que tem pago milhões de dólares a diretores.

Brasil, China, Índia e alguns outros emergentes estão convidados para a reunião de Washington. Já a Espanha faz uma verdadeira campanha para ser incluída. O primeiro-ministro Zapatero já procurou tanta gente, a ponto de o jornal britânico Financial Times observar que agora só falta pedir ajuda do Papa para ir ao encontro de cúpula de Washington.

Enquanto isso, a França vai propor amanhã a seus parceiros da UE que a posição comum européia estabeleça claramente mais participação do Brasil, China, Índia e outros grandes emergentes nas decisões das instituições internacionais e no G-8, espécie de diretório econômico do planeta. Para a França, é essencial uma maior associação dos emergentes para "incrementar a legitimidade" de instituições como o FMI e Banco Mundial, dominadas pelos americanos e europeus.

O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, se antecipou e anunciou que o encontro de cúpula do G-8 no ano que vem, em Nápoles (Itália), será na verdade um "super G-8", com maior participação do Brasil, China, Índia, África do Sul, México e Egito .

Berlusconi disse que já conversou com os outros países do grupo. "Até agora, o G-8 era integrado por países que representam 50% da economia mundial, agora queremos chegar a 80%", disse ele à imprensa italiana.