Título: Petrobras deve reavaliar aumento de investimentos no Irã, diz Amorim
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Fonte: Valor Econômico, 04/11/2008, Brasil, p. A4

A Petrobras provavelmente não vai expandir investimentos no Irã, pelas indicações dadas por representantes brasileiros. De retorno de Teerã, onde se encontrou com o presidente Mahmoud Ahmadinejad, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que "o momento é de reavaliações gerais, porque são investimentos grandes (no Irã) e temos também necessidade de financiamento para exploração no Brasil".

A Petrobras encontrou petróleo no Golfo Pérsico e vai continuar no Irã, mas a questão tem sido justamente se mantém ou aumenta os investimentos, em meio a pressões que vem sofrendo. Hoje, boa parte do capital da petroleira brasileira é detido por fundos de pensão dos Estados Unidos.

Teerã sofre sanções da ONU por causa de sua recusa de pôr fim a seu programa nuclear considerado "suspeito" por certos governos ocidentais. O ministro Celso Amorim, por sua vez, indicou que o Brasil poderia ajudar na mediação da questão nuclear. "Ninguém está interessado em proliferação de armas nucleares. Mas faz parte do Tratado de Não-Proliferação o direito de desenvolvimento da tecnologia para fins pacíficos. Para encontrar um ponto comum para ter um acordo, países sem "a priori" podem ajudar", afirmou.

A ênfase da visita de Amorim a Teerã foi a cooperação econômica. O Brasil chegou a exportar quase US$ 2 bilhões no ano passado, mas este ano as vendas podem cair para US$ 1,3 bilhão. Uma das explicações é que haveria triangulação do comércio pelos Emirados Árabes Unidos, com empresas evitando a venda direta por medo de pressão americana.

Grupos de empresários dos setores de máquinas, petróleo, agrícola e equipamentos médicos participaram da delegação. "Percebemos bastante interesse, como também transmitimos nosso desejo de ter relações normais com o Irã, independentemente de questões específicas", disse Amorim. "O Irã é um país influente na região, as pessoas podem querer ignorar essa realidade, mas ela existe, é importante o diálogo com o Irã". (AM)