Título: Indústria ainda registrou forte alta no mês passado
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2008, Brasil, p. A3

A produção industrial brasileira apresentou recuperação em setembro, explicada pelo número maior de dias úteis (três a mais que em setembro de 2007 e um a mais que em agosto) e pela ausência de efeito direto da crise financeira externa sobre o setor. Conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção cresceu 1,7%, compensando a queda de 1,2% de agosto, na série com ajuste sazonal.

Segundo Isabela Nunes, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, é possível um contágio da crise nos próximos meses. Os ramos mais afetados serão os de bens de capital (máquinas e equipamentos) e duráveis (eletrodomésticos e veículos), mais sensíveis ao crédito, escasso e caro. "Os dados de setembro mostram ainda que a indústria cresce num ritmo acelerado, mas é possível que tenha começado a sentir os efeitos da crise já em outubro", disse ela. Além da restrição do crédito, há sinais que preocupam, diz Nunes. Ela citou as férias coletivas de montadoras e de empresas da Zona Franca de Manaus, que vão atingir a produção de alguns setores.

Dos 26 setores da indústria de transformação, dois registraram queda na produção - perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza, que teve queda de 3,87% em setembro, mas recuava 9,58% em agosto, e madeira, que teve retração de 17,4% em setembro e de 17,14% em agosto, sempre na comparação com igual mês do ano anterior. O setor de metalurgia básica apresentou crescimento de 7,55%, praticamente igual ao apurado em agosto (7,6%). Nos outros 23 setores, setembro superou o crescimento registrado em agosto, sendo que as maiores altas fora observadas nos setores farmacêutico (29,64%), de máquinas e equipamentos (21,38%), veículos automotores (20,05%), outros equipamentos de transporte (44,39%), celulose (15,27%) e minerais não metálicos (17,36%).

De janeiro a setembro, o crescimento da indústria foi de 6,5%. Em 12 meses, houve elevação de 6,8%, acima da verificada nos 12 meses encerrados em agosto, de 6,4%. No terceiro trimestre, a produção aumentou 6,7% sobre igual período de 2007 e 2,7% em comparação aos três meses imediatamente anteriores. O resultado é o maior para um terceiro trimestre desde os 2,9% observados ao fim de setembro de 2004 e reflete 12 trimestres seguidos de alta, período em que a indústria acumula aumento de 16,9%. A indústria de bens de capital puxou esse avanço, tendo crescido pelo 14º trimestre consecutivo, alcançando 6,2% no terceiro trimestre. (com agências noticiosas)