Título: Lula interfere em impasse no Senado
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2008, Política, p. A7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai conversar pessoalmente com um grupo restrito de senadores do PMDB em busca de uma solução para o impasse na eleição da Mesa da Casa. As informações colhidas no Congresso eram de que o encontro, provavelmente um jantar no Palácio da Alvorada, seria hoje, mas até o fechamento desta edição nem o Planalto nem os pemedebistas confirmavam a reunião. Assessores palacianos, contudo, informavam que a intenção da conversa existe e que deve ser ainda esta semana, pois Lula viajará para a Itália e os Estados Unidos na próxima semana e só estará de volta ao Brasil em dez dias.

Lula chegou a pensar em chamar todo o PMDB para uma conversa, já que a Câmara também passará por um processo sucessório em fevereiro. Acabou optando, nesse primeiro momento, por um encontro apenas com os senadores, por considerar que o quadro na Câmara está mais pacificado. Lá, o candidato é o pemedebista Michel Temer (SP), com o apoio da bancada do PT e de quase todos os demais partidos da Casa - o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) ainda planeja lançar-se como candidato avulso.

No Senado, o quadro é bem mais complicado. O PMDB mantém a posição de lançar um candidato próprio e o PT também. No Palácio do Planalto, a versão preferencial ainda é: Temer na Câmara e Tião Viana (PT-AC) no Senado, mantendo assim o equilíbrio nas duas Casas, não entregando o Congresso nas mãos do PMDB. Alguns pemedebistas lembram que o máximo da flexibilização palaciana seria um apoio ao nome de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência da Casa.

Institucionalmente, o PMDB nega que vá buscar compensações com cargos na Esplanada caso seja preterido no Senado. Caciques da legenda admitem, contudo, que se o PT tiver que abrir mão, também poderá tentar abocanhar um outro quinhão. "Não podemos falar nada agora, para não enfraquecer o nosso esforço", diz um governista que acompanha de perto as negociações.

Pemedebistas atentos acreditam que o próprio grupo do Senado ainda não conseguiu fechar um quadro de opções para levar ao presidente, o que contribuiria para o adiamento da conversa. "Não adianta sentar para conversar com o presidente sem ter o que dizer para ele", confidenciou um pemedebista.