Título: Situação preocupante
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 09/02/2010, Economia, p. 13

Presidente de uma das agências mais influentes do mundo afirma que crise econômica mundial pode ser levada a uma nova fase por causa dos problemas fiscais de Grécia, Portugal e Espanha

A situação fiscal de Grécia, Portugal e Espanha é ¿significativamente preocupante¿, segundo disse o presidente da agência de classificação de risco Fitch Ratings, Marc Ladreit Lacharriére, à rádio Europe 1, da França. Segundo avaliação dele, por causa desses países, a crise econômica mundial pode entrar em uma nova fase, encabeçada pela Grécia, que estaria em situação de maior risco e por isso teve sua nota de crédito rebaixada de A- para BBB+. A Fitch é uma das agências mais influentes do mundo. Influenciada pela situação europeia, a Bolsa de Nova York, única entre as principais do mundo que registrou alta na sexta-feira passada (apenas 0,1%), caiu 1,04% ontem. As demais apresentaram pequena recuperação (leia mais abaixo), exceto a de Tóquio.

Lacharriére acredita que os demais países do bloco (1)não serão contagiados por essa nova fase da crise, mas em nenhum momento foi confrontado com a hipótese de os problemas se estenderem para Itália e Irlanda antes de chegarem ao euro, que vem sofrendo desvalorização. Para ele, economias robustas (França e Alemanha foram citadas) têm credibilidade entre os investidores para que não ocorra um ataque especulativo em um mercado eventualmente incrédulo. ¿Temos a sorte de haver dois pilotos no avião¿, acrescentou. O presidente da Fitch não poupou a Grécia, argumentando que o país vem falhando ¿sempre¿ por não cumprir as diretrizes de saúde fiscal (controle da dívida pública) estabelecidas pela União Europeia.

Protesto

O sindicato do setor público da Grécia, o Adedy, alertou ontem que pode convocar outra greve se os detalhes do plano de austeridade do governo socialista, que serão anunciados esta semana, forem muito rígidos, disse o vice-presidente da entidade, Ilias Vrettakos. ¿Dependendo da decisão sobre impostos e pensões, nós vamos decidir na quinta-feira sobre mais ações de greve¿, afirmou. Os trabalhadores do setor público sairão dos seus postos na quarta-feira para protestar contra as medidas de austeridade do governo. O Adedy avalia se vai se juntar à greve do sindicato do setor privado, GSEE, no próximo dia 24. Juntos, os dois sindicatos representam metade da força de trabalho grega, que conta com 5 milhões de pessoas.

1 - Confiança menor A confiança de investidores e analistas na zona do euro caiu em fevereiro para o menor nível desde outubro de 2009, de acordo com pesquisa do grupo Sentix. O indicador baixou para -8,2 pontos, ante -3,7 em janeiro. ¿A deterioração das expectativas econômicas na região da Ásia, excluindo o Japão, parece ser a explicação¿, segundo comunicado do Sentix.

Pregões oscilam

São Paulo - +0,62% Nova York - - 1,04% Tóquio - -1,05% Frankfurt - +0,93% Londres - +0,62% Paris - +1,22% Madri - +102% Buenos Aires - +2,01

Bovespa sobe e dólar cai

Os dados positivos de empresas e o apoio de autoridades europeias a países da região em fragilidade fiscal abriram uma clareira no nervosismo do mercado, levando a Bovespa à primeira alta em quatro sessões. O Ibovespa subiu 0,62%, para 63.153 pontos, escoltado pelas blue chips Petrobras e Vale, centro da disputa pelos contratos de opções. O volume de contratos exercidos no vencimento de ontem, de R$ 2,2 bilhões, levou o giro financeiro total para R$ 8,4 bilhões.

Para profissionais do mercado, o contínuo vaievém da segunda-feira continuará sendo a tônica no curto prazo, pelo menos até que investidores enxerguem uma saída para a debilidade nas contas públicas de Grécia, Portugal e Espanha. A recuperação do apetite por risco no mercado internacional aliviou o mercado de câmbio, levando o dólar a recuar frente ao real após três altas consecutivas. A moeda norte-americana caiu 0,90%, para R$ 1,874.