Título: BB acelera a liberação de recursos para nova safra
Autor: Zanatta , Mauro
Fonte: Valor Econômico, 06/11/2008, Agronegócios, p. B12

Pressionado a assumir parte da demanda por crédito de antigos clientes de tradings e fornecedores de insumos agropecuários, o Banco do Brasil acelerou a liberação de recursos para o custeio da nova safra de grãos. No primeiro quadrimestre do ciclo 2008/09, encerrado em 31 de outubro, a instituição operou R$ 11,7 bilhões em empréstimos ao setor rural.

A elevação de 40% nas liberação em comparação aos R$ 8,5 bilhões do mesmo período da safra anterior resulta da maior injeção de recursos da parcela de aplicação obrigatória no campo (exigibilidades) e da redução de 45% para 42% nos depósitos compulsórios determinadas pelo governo desde o aprofundamento da crise financeira global. Os financiamentos para custeio da agricultura empresarial cresceram 48% no período, para R$ 7,25 bilhões. Na agricultura familiar, o avanço chegou a 21%, ou R$ 2,12 bilhões.

Maior operador de recursos do setor rural, o banco projeta encerrar o primeiro semestre do ano-safra, em 31 de dezembro, com aplicações de R$ 10,8 bilhões no custeio da agricultura empresarial, um acréscimo de 45% na comparação com os seis primeiros meses da safra 2007/08, e de R$ 3,2 bilhões no segmento familiar (20% mais). "O desempenho é bom e devemos fechar o primeiro semestre da safra com este ritmo de desembolsos", diz o diretor de Agronegócio do BB, José Carlos Vaz. "A demanda aumentou, mas conseguimos atender de maneira satisfatória aos clientes", afirma.

Primeira instituição a adotar o seguro rural obrigatório em operações de custeio, o Banco do Brasil avançou na disseminação do instrumento de proteção do crédito dos produtores. Nos primeiros quatro meses da nova safra, foram protegidos R$ 4,1 bilhões no custeio da agricultura empresarial nas culturas de algodão, soja, milho e trigo no Centro-Sul do país.

"Isso significa 55% do total emprestado pelo banco até agora", afirma Vaz. Os prêmios pagos pelos produtores para contratar as apólices são bancados em boa parte pelo Tesouro Nacional. Na safra anterior, foram protegidos 50% dos R$ 4,9 bilhões financiados em igual período. Na segmento familiar, o seguro abrangeu R$ 1,7 bilhão dos empréstimos. Nesse caso, a modalidade Proagro Mais também garante uma renda mínima aos produtores. "Foram 80% protegidos", diz.

A política de proteção contra a variação de preços (hedge) também avançou nas operações do banco. Incentivados pela instituição, os produtores têm aderido ao instrumento de mercado para garantir rentabilidade mínima aos seus negócios. Em 2008, o BB já fechou 28,5 mil contratos de hedge para boi, café, milho e soja no valor de R$ 500 milhões. Nesse caso, o produtor compra uma "opção" para entrega futura do produto a um preço pré-fixado e o BB trava esse preço em bolsas de mercadorias.

Até o fim do ano, deve ser ultrapassada a marca de 30 mil contratos atingida em 2007. "Precisamos dar mais liquidez à bolsa para girar um volume maior, mas há uma questão cultural dos produtores que ainda impede a disseminação", analisa José Carlos Vaz. Há outros entraves como a elevação dos riscos com a instabilidade dos mercados financeiros e alto custo do "hedge" ao produtor.