Título: Subsecretário do Tesouro prevê sistema mais regulado
Autor: Júnior , Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2008, Brasil, p. A4

Reforma no Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, maior participação dos países emergentes nas decisões globais e mudanças no sistema financeiro mundial. Os principais pontos discutidos na reunião do G-20, que terminou na tarde de ontem em São Paulo, vão ser importantes para que os chefes de Estado dos países membros tomem medidas concretas para tentar salvar o planeta dos efeitos da maior crise financeira em décadas, afirmou David McCormick, subsecretário para assuntos internacionais do Tesouro americano em entrevista a jornalistas do mundo todo após o fim da reunião.

Os presidentes dos 20 países do grupo se reúnem nos Estados Unidos a partir de sexta-feira. "Na reunião temos a esperança de que vamos responder aos desafios da crise", disse McCormick. Segundo ele, o novo presidente dos EUA, Barack Obama está sendo "atualizado" sobre o que vai ser discutido no encontro, mas ainda não decidiu se participa ou não. O subsecretário prevê que o mundo pós-crise terá um sistema financeiro mais regulado, instituições mais transparentes e com regras, como as contábeis, mais "convergentes" entre os diversos países. "Estamos comprometidos com as reformas nos sistemas regulatórios. Devemos evitar que esse tipo de problema (a crise financeira) volte a acontecer."

Dentro das mudanças, McCormick defendeu que o FMI e o Banco Mundial passem por reformas. Segundo ele, essas instituições multilaterais "precisam mudar mais, para acomodar os novos desafios da economia". McCormick não vê a necessidade de se criarem novas instituições neste momento para lidar com a crise, como chegou a ser discutido nas rodadas de negociação durante as reuniões do fim de semana. Uma reforma nas já existentes, diz ele, é suficiente e os EUA apóiam tais mudanças. "O papel do FMI vai inevitavelmente crescer", disse ele. "O grande desafio hoje é tomar ações coordenadas."

O subsecretário também defendeu maior peso dos países emergentes no cenário mundial. Na reunião, o Brasil classificou o G-7 (formado pelos sete países mais ricos do mundo) como "insuficiente" para lidar com as principais questões mundiais e propôs que ele seja substituído pelo G-20. Ao ser questionado sobre este tema, McCormick disse que os EUA são "grandes aliados do G-20" e afirmou que os americanos têm pleiteado uma "maior representação dos mercados emergentes." "Ter os emergentes (sentados) na mesa (de discussão) não é só bom, é necessário", disse ele. McCormick também elogiou o pacote de ajuda do governo chinês.