Título: Lula defende um novo consenso econômico
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2008, Brasil, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, em Ro­ma, a criação de um novo consenso, que tenha o homem e o trabalho como a "razão de ser da economia e não a especulação financeira". No primeiro dia de visita à Itália, ao ser recebido pelo presidente Giorgio Napolitano, Lula reafirmou a idéia de que a política deve se sobrepor à economia e conclamou os governantes a as­sumirem a resolução da crise.

"Eu penso que, nesse momento, os governantes precisam entender que nós precisamos ou.vir menos analistas de mercado e mais analistas dos problemas sociais, analistas de desenvolVi­mento e analistas que conheçam as pessoas humanas", disse Lula em seu discurso. Lula considerou a crise financeira global uma oportunidade de revisão do que foi feito de errado a partir do Consenso de Washington.

"Penso que essa crise é uma oportunidade extraordinária pa­ra... criarmos um outro consenso em que o ser humano, o trabalha­dor e a produção sejam a razão de ser da economia, e não a especulação financeira." O presidente pretende aproveitar sua visita à Itália para coordenar posições pa­ra a reunião do G-20, no próximo fim de semana, em Washington. Lula vem pedindo mudanças no sistema financeiro internacional.

"Um sistema imune às aventuras do capital especulativo, mais transparente, com regras e controles mais estritos, em benefício da sustentabilidade do crescimento e do desenvolvimento", propôs em seu discurso. Lula enfatizou a necessidade de reforma das instâncias decisórias internaCionais, com a inclusão dos países emergentes, e cobrou da Itália, que assumirá a presidência do G-8 ano que vem, a responsabilidade de ampliar o diálogo entre as economias.

O presidente Lula será recebido pela papa Bento 16 no Vaticano nesta quinta-feira. Segundo o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, Lula terá um encontro reservado com o sumo pontífice antes de seguir para Washington (EUA), onde participa da cúpula econômica do G-20. Na reunião reservada com o papa, Lula deve assinar um tratado com o Vaticano sobre a atuação da Igreja Católica no Brasil que reúne o maior número de católicos do mundo: Segundo Baumbach, o Brasil e o Vaticano negociam há alguns anos a redação de um documento sobre a relação entre os dois países.