Título: Lula tentará demover PMDB de disputar Senado
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 12/11/2008, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir, na próxima semana, com os seis ministros do PMDB para discutir a sucessão nas Mesas da Câmara e do Senado. É o segundo passo concreto do presidente para negociar diretamente com o maior partido aliado do governo e evitar uma crise política decorrente da disputa entre PMDB e PT pelas presidências das duas Casas. "A eleição para as Mesas do Congresso passa pelo presidente Lula", confirmou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. José Cruz/ABr

Múcio: "O equilíbrio passa por Temer na Câmara e Tião Viana no Senado"

Na semana passada, Lula reuniu-se com o senador José Sarney (PMDB-AP). Sarney aparece como um dos principais nomes da legenda, que tem a maior bancada do Senado, para presidir a Casa no biênio 2009-2010. O problema é que o PT também pleiteia a vaga para o senador Tião Viana (AC). Alega que na Câmara existe um acordo pelo qual petistas apoiarão a eleição do pemedebista Michel Temer (SP).

Há duas semanas, Lula encontrou-se com o ex-governador do Acre, Jorge Viana. Irmão de Tião, o atual presidente do Conselho de Administração da Helibrás não quis adiantar qual a opinião do presidente em relação ao senador petista, mas aposta que o presidente Lula defenderá o equilíbrio de forças entre as duas Casas. "Esse equilíbrio, na opinião do governo, passa por Temer na Câmara e Tião Viana no Senado", disse Múcio.

O PMDB tem hoje seis ministérios: Agricultura (Reinhold Stephanes), Defesa (Nelson Jobim), Integração Nacional (Geddel Vieira Lima), Saúde (José Gomes Temporão), Minas e Energia (Edison Lobão) e Comunicações (Hélio Costa). Múcio descartou a possibilidade de que a conversa com os ministros do PMDB passe pela oferta de mais vagas na Esplanada para que o partido abra mão da presidência do Senado. "Não estamos discutindo nesse momento qualquer tipo de reforma ministerial", assegurou ele.

A briga é vista com cuidado pelo governo, pois poderá aproximar ainda mais ou afastar o principal aliado para 2010, o PMDB. Um experiente deputado tucano lembra que, em 2001, um acordo mal costurado na base de apoio do governo Fernando Henrique assegurou a eleição de Aécio Neves para a presidência da Câmara. Mas levou o principal aliado à época, o então PFL, a sair da base governista.