Título: Indústria contrata e desemprego cai em janeiro
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 24/02/2005, Brasil, p. A10

A abertura inesperada de vagas no início do ano em setores como o comércio e a indústria trouxe uma boa surpresa para o mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo. A taxa de desemprego total caiu de 17,1% em dezembro para 16,7% - o patamar mais baixo desde 2001. Esse resultado foi possível graças à criação de 31 mil postos de trabalho na indústria e de 24 mil no comércio. Por outro lado, o setor de serviços eliminou 46 mil vagas. Para Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), entidade que realiza a pesquisa de emprego em parceria com a Fundação Seade, ao invés de demitir em janeiro, o comércio tem contratado desde o ano passado, uma vez que é neste mês que se concentram as liquidações de verão. Já na indústria parece que o cenário de desaquecimento temido e até anunciado pelas empresas não se configurou no início do ano. O desempenho foi positivo para setores ligados ao mercado doméstico e sensíveis à renda, como o de alimentos, no qual o nível de emprego cresceu 7,8%, e no de vestuário e têxtil onde o crescimento foi de 5,8%. Outros destaques foram o ramo de química e borracha (3,7%) e metal-mecânica (3,4%). Na atividade industrial, o ponto positivo foi a queda do número de empregados sem carteira de trabalho, ao mesmo tempo em que aumentou o trabalho autônomo e o assalariamento com carteira permaneceu estável. No comércio, foram geradas vagas com e sem carteira, enquanto o trabalho autônomo declinou. A diminuição da População Economicamente Ativa (PEA) também ajudou na queda do desemprego. Mas não ficou fora do esperado, já que nos dois primeiros meses do ano as pessoas sentem-se desestimuladas a procurar emprego. Em janeiro, a geração de 55 mil vagas e a saída de 114 mil pessoas da PEA resultou em redução de 59 mil no contingente de desempregados, que ficou em 1.659 pessoas. Apesar da melhora na ocupação, a renda continuou em queda. Em dezembro, os assalariados passaram a ganhar 1,8% menos que em novembro, com rendimento médio de R$ 1.071. Sobre dezembro de 2003, a queda foi de 2,1%. Já para os ocupados - assalariados mais autônomos - o rendimento cedeu 0,4% e ficou em R$ 1.013. (Com agências de notícias)