Título: Sob efeito da crise, Ásia desacelera exportações
Autor: lamont , James
Fonte: Valor Econômico, 12/11/2008, Internacional, p. A9
As preocupações de que a economia asiática deva ser atingida pela recessão global ganharam força com as notícias de desaceleração das exportações na região, prejudicadas pela queda na demanda dos Estados Unidos e da União Européia (UE).
As quedas de performance das exportações da Índia, da Coréia do Sul e do Japão mostram quão rapidamente a economia global foi atingida pela crise financeira originada nos países desenvolvidos. Os dados desapontadores de exportação colocam em dúvida a sustentabilidade das estimativas de alto crescimento econômico.
A China, que vem experimentando uma desaceleração gradual, anunciou o menor crescimento das exportações em quatro meses. A economia chinesa cresceu 9% no terceiro trimestre e sua expansão neste ano pode ser de 7,5% ou menos, a mais baixa em quase 20 anos, segundo a projeção de alguns economistas.
"A desaceleração das importações sugerem uma diminuição da demanda doméstica e um prejuízo às exportações, já que metade das importações é usada para a manufatura de produtos posteriormente exportados", disse Li Wei, economista do Standard Chartered. "A liquidez do superávit comercial é bem-vinda, mas a fragilização das exportações é preocupante."
Dados preliminares do governo na Índia mostram que as exportações no mês passado caíram pela primeira vez em cinco anos, retrocedendo 15% em relação a um ano atrás. Os exportadores estão prevendo uma piora na performance até o fim do ano.
As exportações podem cair 25% neste mês puxadas para baixo por uma combinação de desaceleração na demanda no mundo desenvolvido e de alta dos custos das matérias-primas, como resultado de uma rúpia mais desvalorizada.
Autoridades indianas disseram que algumas companhias estão perdendo mercado nos EUA. Exportadores de minerais vem reclamando que os compradores chineses quebraram contratos. "Há compradores nos EUA que estão enfrentando aperto no crédito. O impacto é generalizado, desde pedras preciosas e jóias até equipamentos de engenharia", disse um representante do governo indiano.
A Índia prevê um crescimento de 7% e prometeu aumentar os gastos públicos para incentivá-lo.
A Goldman Sachs, entretanto, tornou-se o último em uma série de bancos a rebaixar as projeções para a economia indiana - de 7,5% para 6,7% em 2008-09.
A Associação de Câmaras de Comércio e Indústria da Índia disse que os setores de têxteis, vestuário,jóias, metais e couro estão sentindo os efeitos da desaceleração da demanda no exterior.
"A situação econômica e financeira internacional atualmente vem piorando as perspectivas de crescimento no corto prazo. Estou, entretanto, confiante de que a perspectiva de longo prazo para a nossa economia continua robusta", disse ontem Manmohan Singh, premiê indiano.
No Japão, as exportações caíram 9,9% nos 20 primeiros dias do mês passado em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo Ministério das Finanças. O superávit comercial vinha caindo nos últimos meses, por causa dos altos preços de matérias-primas e de petróleo.
Na Coréia do Sul, as exportações nos primeiros dez dias deste mês caíram 26% em relação ao mesmo período de 2007, segundo a Alfândega sul-coreana.
Uma desaceleração da economia chinesa também vem causando um terremoto na economia de Taiwan. As exportações da ilha no mês passado caíram no maior ritmo de mais de três anos. Taiwan, que é uma exportador de produtos eletrônicos, viu suas vendas no exterior caírem 8,3% em relação ao ano passado. As vendas para a China e para Hong Kong caíras 19,9%.