Título: BC retira R$ 71 bi da economia
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Fonte: Correio Braziliense, 25/02/2010, Economia, p. 19

Banco Central eleva de 13,5% para 15% o total de volume dos recursos que os bancos são obrigados a manter depositados na autoridade monetária e aumenta para 8% as alíquotas das contrapartidas para depósitos à vista e a prazo O Banco Central deu ontem um passo importante na reversão das medidas adotadas no período de crise. O presidente do BC, Henrique Meirelles, e o diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, anunciaram o retorno de boa parte dos depósitos compulsórios(1). A alíquota do compulsório sobre recursos a prazo, que baixou para em 13,5% na crise econômica mundial, volta a ser de 15%. Também foi restabelecida a alíquota de 8% para as exigibilidades adicionais. Durante a crise elas foram fixadas em 5% para os depósitos à vista e 4% sobre os depósitos a prazo.

As medidas ampliam em R$ 71 bilhões os valores a serem recolhidos pelos bancos ao BC. Durante a crise, o BC liberou na economia R$ 99,8 bilhões. Henrique Meirelles explicou que a mudança nas regras dos depósitos compulsórios se insere na estratégia brasileira de saída das medidas adotadas durante a turbulência financeira global. Segundo Meirelles, a alteração reverte todas as medidas no compulsório com exceção do redirecionamento de recursos para bancos menores.

O Banco Central, disse Meirelles, considera que o sistema financeiro está substancialmente líquido. A compra de carteira dos bancos menores pelos grandes continua e novas operações podem ser feitas até 30 de junho. No momento, o BC computa nessa rubrica R$ 29 bilhões.

O diretor de Política Monetária, Aldo Luiz Mendes, afirmou que as medidas com relação ao compulsório são neutras do ponto de vista do preço, ou seja, das taxas de juros da economia. Segundo Mendes ¿com a crise, o compulsório está deixando de ser instrumento de política monetária, para ser instrumento prudencial¿.

Juro básico O economista-chefe da WestLB, Roberto Padovani, considerou a medida como normal, considerando-se o contexto da recuperação da economia brasileira da crise econômica mundial. ¿É normal uma retirada dos incentivos monetários, já que o problema de liquidez foi superado. Mas a estrutura da liquidez no Brasil era bastante distorcida em relação aos padrões internacionais. A crise trouxe oportunidade para essa estrutura ser repensada. Pode ter sido uma oportunidade perdida¿, comentou.

Padovani avaliou que a decisão do BC de aumentar o compulsório pode indicar que o aumento dos juros previstos para os próximos meses seja menor do que o previsto anteriormente. A taxa básica de juros (Selic) está fixada em 8,75% ao ano.

1 - Dinheiro em circulação O depósito compulsório é um dos instrumentos que o Banco Central usa para controlar a quantidade de dinheiro em circulação na economia. Por meio da alíquota do compulsório, o Banco Central determina que os bancos mantenham depositados, em uma conta no próprio BC, parte dos recursos captados dos seus clientes nos depósitos à vista, a prazo ou em poupança. Quanto maior for essa alíquota, maior é a quantidade de dinheiro dos correntistas mantida no BC.