Título: BNDES prevê ajuda para 200 empresas
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Fonte: Valor Econômico, 13/11/2008, Brasil, p. A3
O governo deverá fornecer empréstimo-ponte para empresas de boa qualidade que estão sofrendo com a crise, para ajudá- las a viabilizar a recuperação em meio à dramática crise financeira global. Foi o que sinalizou ontem o vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Armando Mariante, depois de uma reunião na Organização Mundial do Comércio (OMC), que tratou da falta de financiamento nas trocas globais.
Ele disse que não são tantas as empresas precisando do "oxigênio", mas que esse número não seria muito menor do que 200. O novo instrumento não vai priorizar setores e parte do dinheiro pode vir da nova linha de crédito de R$ 10 bilhões, criada recentemente pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Mariante explicou que a decisão deve envolver o Ministério da Fazenda, Tesouro Nacional, BNDES e outros órgãos do governo. "Há empresas com qualidade intrínseca muito boa, com boa governança, boa competitividade, endividamento baixo, mas que tiveram problemas momentâneos, porque o crédito ficou muito reprimido ou porque elas fizeram uma aposta no real e contra o dólar", disse o vice-presidente do banco estatal.
"Algumas empresas têm problemas temporários e não convém ao Estado que elas sofram mais que o necessário. Elas vão pagar o preço, terão prejuízos, mas esperamos ter instrumentos para não permitir que essas empresas quebrem ou sofram mais que o necessário", acrescentou.
Indagado se companhias que perderam bilhões de reais com derivativos não teriam demonstrado falta de boa governança, e portanto poderiam ser barradas, o executivo retrucou: "As empresas cometeram um erro, mas isso não compromete sua governança inteira, a qualidade de seus produtos. Não podemos condenar alguém por um tropeço."
A ideia é dar mais flexibilidade a certos financiamentos. "O BNDES financia muito investimento fixo. Nesse caso, as empresas precisam, sobretudo de capital de giro, de empréstimo-ponte, com prazo um pouco mais longo para acertar suas contas e refazer seu planejamento."
Ele explicou que não se trata apenas de financiamento ao comércio, mas de "empréstimo-ponte, até que resolvam sua vida, é um oxigênio para viabilizar as empresas". O executivo disse que o empréstimo-ponte deve vir rapidamente, não é possível esperar muito. Ele acredita também que o Brasil, ao contrario de outros países, tem margem para flexibilizar a politica monetária, baixando gradualmente os juros e facilitando a recuperação das empresas.
Em sua viagem pela Europa, Mariante está insistindo que o Brasil não está nem vai entrar em recessão e continuará crescendo, mesmo se em ritmo menor. Hoje, em Milão, ele conclamará investidores europeus, reunidos pela Petrobras para examinar investimentos na exploração da camada de pré-sal, a confiar no Brasil. "Quem quiser ganhar dinheiro na crise, esta é a hora de investir na economia real no Brasil, com projetos de baixo risco e alta rentabilidade, como em infra-estrutura e energia", disse. (AM)