Título: Em campanha, Tião Viana busca apoio de Serra e Aécio
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/11/2008, Política, p. A6
Disposto a levar até o fim sua campanha pela presidência do Senado para o biênio 2009-2010 - enfrentando ou não concorrentes -, o senador Tião Viana (PT-AC) pretende visitar os governadores Aécio Neves, em Minas Gerais, e José Serra, em São Paulo. Buscará apoio para conquistar os votos da bancada do PSDB. Com 13 senadores, o partido ainda não se posicionou em relação à sucessão na Mesa Diretora da Casa e avalia a conveniência política de apoiar o senador José Sarney (PMDB-AP) - considerado o nome natural do PMDB ao cargo - ou o petista, que tem trânsito na bancada.
Os encontros com Aécio e Serra podem ser solicitados na próxima semana. Ele encontrou-se com Serra no casamento da filha do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), sábado, em Fortaleza, com quem teve uma conversa inicial. Viana tem pressa em viabilizar sua candidatura, apostando que Sarney não se lançará, com a possibilidade de disputa no plenário. O ex-presidente disse a Viana, na sexta-feira, que não é candidato hoje nem será no dia da eleição, 2 de fevereiro de 2009.
No entanto, no Senado são cada vez menos os que acreditam que Sarney levará essa resistência até o fim. A avaliação corrente é que o pemedebista concordará em presidir a Casa, se lançado como nome de consenso. Por isso, o PT pretende levar a candidatura de Viana até o fim. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou preferência por Viana, mas disse aos pemedebistas que Sarney teria seu apoio, se fosse o candidato do partido.
Lula terá nos próximos dias encontro com ministros do PMDB. O presidente também manifestou a intenção de reunir-se com a bancada do PMDB no Senado e, em data diferente, com a cúpula do partido e as lideranças na Câmara e no Senado. Lula deve fazer apelo para que não haja disputa entre o PT e o PMDB.
O presidente já argumentou que o ideal seria um equilíbrio de forças entre os dois aliados no Congresso, com o PMDB presidindo a Câmara e o PT, o Senado. Mas os pemedebistas não acreditam numa intervenção mais forte de Lula a favor de Viana, já que precisa do PMDB, que tem a maior bancada do Senado (20 parlamentares).
Na Câmara, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), está em intensa campanha. Fez negociações institucionais com praticamente todos os partidos e vai começar na próxima semana um corpo-a-corpo com os colegas. Disse que irá visitá-los nos gabinetes e entregar um folheto que mandou imprimir com a reprodução do exemplar do "Jornal da Câmara" de dezembro de 2000 que trouxe um balanço de seus quatro anos no comando da Casa, que se encerraram naquela data.
Na mensagem assinada por ele na publicação, Temer diz tratar-se de um resumo para apresentar suas realizações àqueles que hoje exercem o mandato, mas não conhecem o trabalho desenvolvido por ele em suas administrações. Assim como no Senado, na Câmara as campanhas serão intensas até meados de dezembro, quando o Legislativo encerra os trabalhos e entra em recesso.
O PMDB do Senado quer protelar o lançamento de candidatura para janeiro. O grupo de Sarney, com Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, à frente, acham que, ficando sozinho na disputa até lá, Viana poderá estar desgastado. Se Sarney de fato não quiser disputar, o grupo cogita outros nomes, como José Maranhão (PB) e os ministros Hélio Costa (Comunicações) e Edison Lobão (Minas e Energia), senadores licenciados que poderiam reassumir os mandatos.
Com ou sem Sarney, Viana diz que continuará candidato. Ele tenta convencer os tucanos de que um PMDB muito forte - presidindo as duas Casas do Congresso - não seria bom para a candidatura do PSDB à Presidência. O Democratas, com 13 senadores, apóia majoritariamente Sarney. Mas no PSDB há divisões, como Tasso Jereissati (PSDB-CE), que defende Viana como a melhor opção para melhorar a imagem da Casa. Viana contabiliza 52 votos hoje. Sabe que, se Sarney entrar na disputa, perde alguns desses votos. Calcula ter 36 votos que não migram para outro candidato, independentemente do nome.