Título: PSDB antecipa debate sobre sucessão presidencial
Autor: Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 24/02/2005, Política, p. A14

O PSDB quer antecipar o debate sobre a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa reunião animada ontem, em Brasília, integrantes da Executiva defenderam que, a exemplo do PFL, o partido defina agora o candidato do partido para a eleição presidencial de 2006. Durante o encontro, o ex-governador Dante de Oliveira apresentou proposta do diretório de seu estado, o Mato Grosso, para a indicação imediata do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como o candidato à sucessão de Lula. Na opinião de Dante, o PSDB deveria seguir o exemplo do PFL, que já lançou, no fim do ano passado, o prefeito do Rio, César Maia (PFL), como seu provável candidato em 2006. A preocupação do ex-governador é que uma possível inépcia dos tucanos prejudique o partido na definição da cabeça-de-chapa numa possível aliança PSDB-PFL. O presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), explicou que não há prazo definido para a escolha do candidato, mas ele acredita que os nomes tenderão a aparecer ao longo do ano. Ontem, a Executiva marcou o cronograma das convenções municipais, estaduais e nacional - respectivamente para 19 de junho, 21 de agosto e 27 de setembro. Azeredo lembrou que já há quatro pré-candidatos - o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Alckmin, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e o senador Tasso Jereissati (CE). O presidente do PSDB observou que o governo Lula já está em campanha por 2006. "O governo está com um discurso cada vez mais populista. Isso cheia à campanha eleitoral", comentou. "O Lula até agora não saiu do palanque", acrescentou o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), que defende que a escolha do nome do partido para a sucessão em 2006 seja feita o mais rápido possível. "Esse conceito é generalizado no PSDB." Em reunião dos ministros petistas na noite da terça-feira na sede do PT, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, diagnosticou o avanço da oposição: "A eleição de 2006 foi antecipada pela oposição. Já está aí" . Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) disse que situação do PT e do governo após a derrota na Câmara é "de mar revolto". Nesta reunião, os ministros petistas teriam colocado o cargo à disposição para que o presidente se sinta livre na reforma do primeiro escalão para incluir mais aliados no governo. O recado foi transmitido a Lula por Genoino ainda hoje. O PT tem 19 ministros - 18 estavam na reunião, só faltando Nilmário Miranda (Direitos Humanos). No encontro, avaliou-se que a derrota na Câmara na semana passada foi o resultado de uma sequência de erros do governo e do PT e que, na prática, acendeu o sinal amarelo em relação à chance de reeleição de Lula. Para eles, FHC foi o mentor nos bastidores da decisão da maioria de PSDB e PFL de imolar Greenhalgh. Houve relato de que o tucano conversou diversas vezes por telefone com Severino nos dias que antecederam a derrota. Para a maioria dos petistas, a derrota do PT e do governo na Câmara, ao acender o sinal amarelo a respeito da reeleição de Lula. Dirceu disse que não deseja retornar à articulação política e até defendeu o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), dizendo que ele não podia ser responsabilizado pela derrota. Afirmou, porém, que é preciso rever procedimentos na articulação política. O prefeito de São Paulo, José Serra, foi apontado como o único tucano que honrou um entendimento do PT com o PSDB para que Greenhalgh fosse eleito presidente da Câmara. (Com Folhapress)