Título: Europa deveria tratar melhor os imigrantes, diz Lula ao papa
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Fonte: Valor Econômico, 14/11/2008, Brasil, p. A2
A política de imigração cada vez mais restritiva na Europa foi um dos assuntos discutidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o papa Bento XVI, em audiência reservada ontem, no Vaticano. Lula disse que considera injusta a política aprovada pelo Parlamento Europeu, que tem como um dos pontos a repatriação de imigrantes. "Discuti com ele a questão da migração, da legislação que está sendo aprovada na Europa, que é injusta", afirmou Lula. Ricardo Stuckert/PR
Dilma Rousseff cumprimenta o papa, observada por Lula e pela primeira-dama, dona Marisa: ministra tem "potencial" para ser candidata, disse o presidente
O presidente citou a política brasileira de imigração como exemplo a ser seguido pela Europa. "Disse ao papa como o Brasil sabe tratar com imigrantes. Até porque nós estamos recebendo imigrantes há muitas décadas, há muitos séculos, e nós vivemos bem. Temos alemães, italianos, japoneses, portugueses, judeus, bolivianos, uruguaios e argentinos. No Brasil nós aprendemos a viver em harmonia. O que nós queremos é que o mundo trate os imigrantes como parceiros", afirmou. De acordo com Lula, se os europeus não querem a presença dos imigrantes, devem ajudar os países mais pobres.
O presidente disse que o papa concordou com seu posicionamento em relação a imigração. Em junho, o Parlamento Europeu aprovou um polêmico conjunto de regras, entre elas, políticas de repatriação de imigrantes nos 27 países da União Européia. As regras estão previstas para entrarem em vigor em 2010.
No encontro, Lula pediu que o papara Bento XVI incluísse a questão da crise financeira mundial em seus pronunciamentos. "Eu pedi ao papa que nos seus pronunciamentos ele fale da crise econômica, pois se todo o domingo o papa der um "conselhozinho" quem sabe a gente encontra mais facilidade para resolver o problema", disse o presidente. De acordo com Lula, o papa disse que também considera a crise grave.
Na coletiva que deu depois do encontro com o papa, o presidente negou que já tenha decidido apoiar o nome da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para sucedê-lo. Lula considerou ter sido mal interpretado pela imprensa italiana, que publicou ontem declarações suas de apoio ao nome de Dilma para disputar a Presidência em 2010. "Na verdade não foi isso. O que eu disse para eles é que eu tenho que construir uma candidatura junto à base ligada ao governo federal. Depois de construída a base, acho que o partido tem que apresentar o candidato, e a Dilma pode ser uma boa candidata para o Brasil. Entretanto, sequer conversei com a ministra Dilma. Quem conhece a Dilma e quem conhece o Brasil, sabe que ela tem um potencial e ela poderá ser escolhida pelos partidos da base, inclusive", afirmou o presidente.