Título: IBS cobra medidas de proteção ao aço chinês
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 14/11/2008, Empresas, p. B8
Informações de que a China vai eliminar, a partir de 1º de dezembro, tarifas de exportação para produtos siderúrgicos de alto valor agregado reforçaram os argumentos da siderurgia brasileira sobre a importância de se proteger o mercado doméstico contra uma eventual invasão do aço chinês. O anúncio da China é mais um ingrediente no conturbado xadrez mundial, o que reitera a tese das siderúrgicas nacionais segundo a qual é preciso encontrar formas de preservar o mercado interno.
Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), entende que no cenário atual, com tendência ao aumento do protecionismo, é "ingenuidade" o Brasil manter a abertura para um grupo de dez produtos siderúrgicos sobre os quais foram zeradas as alíquotas de importação como exceções à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. Na lista estão bobinas laminadas a quente de aços carbono, bobinas laminadas a frio, vergalhões, chapas grossas e barras acabadas a quente de aços ligados para construção mecânica.
O problema, na visão da siderurgia brasileira, é que o aumento do protecionismo leva a um "desvio de comércio", movimento em que um país, ao ver fecharem-se seus principais destinos comerciais, redireciona exportações para um terceiro mercado. Nesse sentido, se for analisado panorama da América Latina, a situação é preocupante, declara Lopes.
De janeiro a agosto deste ano, as exportações chinesas de produtos siderúrgicos para a América Latina subiram 23%, enquanto para o resto do mundo caíram 9%, na comparação com igual período de 2007. Para Lopes, o importante é ter no Brasil legislação sobre antidumping e direitos compensatórios com o mesmo grau de agilidade de outras economias.
Outra alternativa seria retirar produtos siderúrgicos importados do sistema de licenciamento automático, afirmou o executivo. No cenário de crise, também preocupa um possível aumento das exportações para a América Latina de aço não só da China mas também do Leste Europeu. Juntos esses países países devem acrescentar 200 milhões de toneladas à capacidade de produção de aço até 2010, na comparação com o ano passado.