Título: Conhecer as técnicas de armazenamento é primeiro passo
Autor: Angelo Pavini
Fonte: Valor Econômico, 24/02/2005, EU &, p. D1

O fundamental para quem pensa em investir em vinhos é ter boas condições para armazenar as garrafas. Uma adega climatizada não exige muito espaço e pode ser montada com um investimento em torno de R$ 7 mil, mesmo em um apartamento, explica o consultor Jorge Lucki. "Um quarto de empregada pode dar uma boa adega, para duas mil, três mil garrafas, um custo de R$ 2 por garrafa", afirma. Para quem não quer desalojar a empregada e não tem dispensa ou armário, a alternativa são as adegas pré-fabricadas, cujo custo fica em torno de R$ 4,5 mil para 150 garrafas, ou R$ 30 por garrafa. Lucki diz que o importante é controlar a temperatura ambiente, já que a umidade do ar no Brasil, entre 60% e 70%, não é problema (com exceção de Brasília). Um vinho para ser tomado daqui 15 anos precisa ser bem conservado, diz Christine Michel Sidokpohou, do Clube du Taste-Vin. Por isso, conhecer como o produto foi armazenado ajuda na revenda. Segundo Christine, um bom vinho pode custar até cinco vezes seu preço inicial. A recomendação de Lucki para o investidor é ir direto para os clássicos, bons franceses, italianos, espanhóis, e sair da linha de argentinos, chilenos básicos. "Eles até tem apelo, mas ninguém vai brigar por uma garrafa", diz. Lucki lembra que a venda dos vinhos "en primeur" no Brasil começa em junho. Neste ano vão ser vendidos os vinhos da safra de 2004, que foi razoável, mas inferior à de 2003. As garrafas devem ser entregues no primeiro trimestre de 2007. Ele recomenda estar atento à avaliação da safra feita pelo guru do mercado Robert Parker, na revista Wine Advocate, que sai em abril. "Se a avaliação dele for ruim, nem se arrisque", diz ele. Nesse caso, pode ser apenas a chance de comprar algumas marcas famosas que sempre fazem bons vinhos por preços menores. Outra fonte de informações é a revista Wine Spectator. Os preços variam bastante. Em 2003, segundo Lucki, os Bordeaux iam de US$ 50,00 a US$ 500,00 a garrafa. "Se a safra for boa, como a de 2000, mesmo os Bordeaux mais baratos podem ser interessantes", diz. Os de 2003, por exemplo, devem chegar ao Brasil valendo 30% a 40% mais. Lucki sugere também vinhos intermediários, conhecidos como "supersegundos", na faixa de US$ 100,00 a US$ 200,00, como Leoville Las Cases, Leoville Barton, Palmer, La Mission Haut Brion, Cos D'Estournel, Pichon La Lande e Pavie entre outros. Mas para o investidor, o ideal será ir direto para os grandes Bordeaux. "O ideal é encomendar várias meias caixas, uma de cada chateaux", diz ele, lembrando que para todos é preciso ter paciência para consumir, pois o mínimo de maturação desses vinhos é cinco anos. Ele lembra também que os preços dos vinhos subiram com a melhora da economia mundial. E não devem cair tão cedo. Outra sugestão são as garrafas magnum, de 1,5 litro, cuja importação foi liberada há alguns meses. Elas permitem um envelhecimento melhor, pois há mais vinho e menos ar que nas garrafas normais, de 750 ml. (A.P.)