Título: Argentina quer mais proteção para a indústria
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Fonte: Valor Econômico, 18/11/2008, Brasil, p. A4
A Argentina voltará com demanda de flexibilidade específica para seu setor industrial, ainda esta semana na Organização Mundial do Comércio (OMC), como uma das condições para se juntar a um eventual acordo da Rodada Doha. Negociadores brasileiros indicaram que uma solução deve ser encontrada que ofereça à Argentina participar da negociação "sem comprometer o Mercosul de maneira desmesurada".
O embaixador argentino na OMC, Alberto Dumond, observou, por sua vez, que qualquer flexibilidade que Buenos Aires obtiver, para proteger sua indústria, será automaticamente aplicada para o resto do Mercosul.
Em julho, o bloco rachou na reunião que deveria fechar a negociação global. O Brasil era favorável a uma proposta para o Mercosul poder excluir 14% de suas linhas tarifárias do corte inteiro que será negociado. Já a Argentina insistiu que a flexibilidade deveria alcançar 16%, pelo menos, e que o tamanho da redução tarifária deveria ser menor, diante da modesta oferta dos países ricos na área agrícola. Desde então, o Mercosul não fechou posição, apesar de sucessivas declarações de unidade.
Além da Argentina, também a África do Sul e a Venezuela deverão obter flexibilidades específicas na área industrial. Tudo isso terá de ser negociado bilateralmente com outros parceiros especialmente interessados, e não nas grandes reuniões. Os sul-africanos podem conseguir entre 1% e 6% a mais de exclusão tarifária para a União Aduaneira da África Austral (Sacu), a área de livre comércio que comanda na região. (AM)