Título: Juro menor no flex
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 01/03/2010, Economia, p. 8

Percepção sobre o potencial de compra dos consumidores com preocupação ecológica chega ao sistema financeiro. Três instituições já oferecem linhas de crédito para produtos menos poluidores. O Banco do Brasil sai na frente e prepara taxa reduzida para o ¿carro verde¿

Veículo bicombustível: modelos que aceitam gasolina ou álcool começam a obter vantagens em financiamentos do sistema bancário

De olho no mercado dos consumidores com preocupação ecológica, o sistema financeiro já se prepara para o lançamento de produtos e serviços específicos para esse nicho. O Banco do Brasil saiu na frente e prepara, para este mês, o lançamento de uma linha de financiamento especial para os chamados ¿carros verdes¿, uma lista de 24 veículos classificados pelo Ministério do Meio Ambiente como menos poluidores. Estão entre os carros menos poluidores listados pelo Ministério do Meio Ambiente o Fiat Idea Adventure 1.8, o Ford Ka flex 1.0, o GM Celta, o Citroen C3 e o Fox 1.6 Plus Flex.

Segundo o diretor de empréstimos e financiamentos do BB, Nilson Martiniano, mesmo antes de ter essa linha específica, a instituição já dava um tratamento diferenciado para o cliente que fosse comprar um carro verde. A taxa de juros normal para a aquisição de veículo varia, no BB, de 1,17% a 2,36% ao mês. Caso a preferência do cliente seja por um carro ecológico, o BB aplica um redutor de 0,08 ponto percentual na taxa de juros. ¿Se a taxa que o cliente pegar for de, por exemplo, 1,3% ao mês, ela cai para 1,22% ao mês ¿, explica Martiniano.

No Banco do Brasil, o financiamento para veículos tem prazo de até 72 meses. A grande maioria dos clientes, no entanto, opta por um empréstimo com prazo de pagamento entre 48 e 60 meses. O BB já financiou, com taxa reduzida, 300 veículos.

Limpos

O Real Santander não tem uma linha específica para o financiamento de carros verdes. Mas, entre os produtos oferecidos para os clientes, existem vários que tentam estimular a aquisição de equipamentos mais limpos, que consumam menos energia, alinhados com o conceito de consumo consciente. Um exemplo é o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) Energias Renováveis. O financiamento, segundo a instituição, é voltado para a aquisição de equipamentos que proporcionem economia de energia.

O prazo de financiamento é de 24 meses e a taxa de juros, de 2,45% ao mês, os mesmos para a linha CDC processos mais limpos, voltada para o financiamento de equipamentos que diminuam a emissão de gases, resíduos e toxicidade de produtos. Já o CDC Consumo Consciente é para o financiamento de produtos certificados. O prazo é também de 24 meses, com a taxa de juros de 2,8% ao mês.

O Bradesco informou que não possui uma linha específica para a compra de carro flex, por exemplo. O banco tem, no entanto, linhas de empréstimo diferenciadas e com apelo socioambiental. Uma delas é a Ecofinanciamento de Veículos. Em parceria com a SOS Mata Atlântica, o Bradesco criou um programa que associa o financiamento de veículos à responsabilidade ambiental. Assim, a cada veículo financiado pelo banco mudas de árvores são plantadas, contribuindo para o reflorestamento e a neutralização do carbono emitido pelo veículo.

Verdes incentivados

Carros que podem ser adquiridos com taxa de juros reduzida*

Fiat Idea Adventure Dualogic Flex 1.8 8v

Fiat Palio ELX Flex 1.8 8v

Fiat Siena HLX Flex (RST III) 1.8

Fiat Stilo Blackmotion Flex 1.8 8v

Fiat Stilo Flex Dualogic 1.8

Fiat Stilo Sportingdualogic Flex 1.8

Ford KA Flex 1.0

GM Celta 2p Life Flex 1.0

GM Celta 2p Spirit Flex 1.0

GM Celta 2p Super Flex 1.0

GM Celta 4p Life Flex 1.0

GM Celta 4p Spirit Flex 1.0

GM Celta 4p Super Flex 1.0

GM Prisma Joy Flex 1.0

GM Prisma Maxx Flex 1.0

PSA/Citroën C3 EXCL14Flex

PSA/Citroën C3 GLX14Flex

PSA/Citroën C3 XTR14Flex

VW Fox 1.6 Plus Flex 1.6

VW Fox 1.6 Route Flex 1.6

VW Polo Bluemotion Flex 1.6

VW Spacefox N/A Flex 1.6

VW Spacefox Route Flex 1.6

VW Spacefox Sportline Flex 1.6

* pelo Banco do Brasil

IPI menor até dia 31

O desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os carros flex termina no fim de março. Os interessados ainda têm todo este mês para aproveitar a taxa reduzida. Os veículos flex com motor 1.0 ainda podem ser adquiridos com imposto de 3%. Já aqueles de mil a 2 mil cilindradas flex estão com IPI de 7,5%. Os mais potentes (acima de 2 mil cilindradas) são tributados em 18%.

A diferença é grande quando comparada aos automóveis movidos exclusivamente a gasolina. Sobre os veículos 1.0 a gasolina incide alíquota de 7% de IPI. Para os de mil cilindradas a 2 mil cilindradas, o imposto é de 11%. Acima disso, a taxa é de 25%. Os caminhões, no entanto, continuam com o incentivo até junho. O governo manteve a alíquota zerada do IPI durante todo o primeiro semestre deste ano como forma de estimular as vendas de veículos novos.

A estratégia de reduzir o IPI foi adotada pelo governo no início de dezembro de 2008, quando a crise mundial e a alta do desemprego no Brasil provocaram intensa retração por parte dos consumidores. A mexida na alíquota levou a um desconto no preço dos carros 1.0 de até R$ 2 mil. O resultado foi aumento de 11,5% nas vendas em dezembro daquele ano em relação ao mês anterior. Em todo o ano de 2009, a comercialização de carros foi 11,35% superior à de 2008.