Título: Indicadores de inflação recuam com a ajuda do dólar desvalorizado
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 25/02/2005, Brasil, p. A3
O resultado dos indicadores de inflação de fevereiro reafirmam a ajuda da desvalorização do dólar em relação ao real na queda dos preços. O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) deste mês foi beneficiado, principalmente, pelo recuo dos produtos industriais no atacado e cedeu de 0,39% em janeiro para 0,30%. Já em São Paulo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) caiu de 0,49% para 0,37% na terceira quadrissemana do mês. Os preços no atacado (IPA) do IGP-M, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ficaram estáveis em 0,20%. Isso porque apesar do recuo de 0,35% para 0,12% dos produtos industriais, os bens agrícolas aceleraram de uma deflação de 0,25% para 0,44% em fevereiro. As principais pressões na área agrícola vieram de produtos que são afetados pelas chuvas de verão, como legumes e frutas, que subiram 17,53% e raízes e tubérculos, com elevação de 6,49%. A boa notícia ficou por conta dos preços industriais. A saída da pressão do aço, que foi reajustado em janeiro, e os efeitos positivos da apreciação do real em relação ao dólar ajudaram a desacelerar o crescimento dos preços de grupos como metalurgia, mecânica e material de transporte. Foram também beneficiados pelo câmbio os alimentos industrializados, que encerram fevereiro com deflação de 1,18%. No varejo, a inflação ficou em 0,51%, abaixo do 0,80% no mês anterior. Com exceção dos preços do grupo de saúde e cuidados pessoais, que subiu de 0,31% em janeiro para 0,41%, todos os demais itens arrefeceram. Os gastos com alimentação ficaram em 0,73%, habitação em 0,37%, vestuário teve deflação de 0,51%, enquanto educação desacelerou para 1,42%, o item transportes cedeu para 0,22% e o de despesas pessoais ficou em 0,58%. Já o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) caiu para 0,42% e refletiu a alta de 0,78% nos materiais e serviços e a estabilidade nos custos com mão- de-obra. Em São Paulo, a variação de 0,39% apurada pelo IPC resultou da desaceleração dos preços de quase todos os grupos que compõem o índice. As exceções foram o item alimentação, que foi de 0,02% na segunda quadrissemana do mês para 0,06% e saúde, que subiu para 0,30%. Nos alimentos, os vilões foram os in natura, que devido aos estragos das chuvas ficaram 5,31% mais caros. No grupo saúde, a pressão veio pelo aumento dos preços de serviços médicos (+ 0,51%), uma vez que os remédios mostram recuo de preços pela quinta semana, com deflação de 0,22%. Os preços dos produtos sujeitos à valorização cambial, chamados de comercializáveis, continuam ladeira abaixo, comenta Paulo Picchetti, economista da Fipe. Eles ampliaram a variação negativa de 0,18% para 0,31%. Já o índice de difusão, que mede a quantidade de preços em alta no IPC, teve queda significativa de 63% para 57% na quadrissemana. (RS)