Título: Indústria reduz estoques no início do ano
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 25/02/2005, Brasil, p. A3

A atividade industrial paulista caiu 3% entre janeiro e dezembro, pela série livre de influências sazonais. Esse recuo foi acompanhado por um aumento de 4,23% nas vendas reais e de uma queda de 2,8% nas horas trabalhadas, indicando que a indústria desovou estoques no primeiro mês do ano. Sobre janeiro de 2004, houve crescimento de 4,2% na atividade da indústria. A queda de dezembro para janeiro foi a mais expressiva em quatro anos, tanto na série dessazonalizada quanto nos dados sem ajuste sazonal - que aponta queda de 5,1% sobre o último mês de 2004 -, de acordo com o levantamento realizado pela Federação do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Os principais fatores que contribuíram para a acomodação do Indicador de Nível de Atividade (INA) são a valorização do câmbio, o aumento da carga tributária e a alta dos juros. No entanto, a acomodação da atividade industrial no mês passado ainda não preocupa o diretor do departamento econômico da Fiesp, Paulo Francini. "Não há como dizer que já se estabeleceu um ritmo de queda na produção da indústria", pondera. Pelos dados sem ajuste sazonal, entre janeiro e dezembro, o setor de material eletrônico e equipamentos de comunicação foi o único a mostrar resultado positivo, uma alta de 0,5% no INA. Na comparação com janeiro de 2004, o crescimento chegou a 34,6%, o que fez com que o nível de utilização da capacidade instalada saltasse de 73,6% para 80,1% neste período. Para Boris Tabacof, diretor de economia do Ciesp, os freios para a economia estão sendo puxados pelo Banco Central. Ainda assim o comércio, por meio de parcerias com instituições do sistema financeiro, tem resistido e ampliado os prazos de venda a crédito. "E os bens duráveis têm sido os mais beneficiados com isso", ressalta. O ramo de alimentos e bebidas apresentou comportamento distinto na série sem ajuste sazonal: queda de 11,2% na atividade. Mas, pelos dados dessazonalizados, este setor é um dos poucos a mostrar desempenho positivo frente a dezembro, com alta de 2,1%. Os outros setores com crescimento pelos dados com ajuste sazonal foram: papel e gráfica, coque e refino, e móveis. No total da indústria, sem ajuste sazonal, todas as variáveis do levantamento de conjuntura mostraram queda em janeiro contra dezembro. As horas trabalhadas caíram 2,1%. O total de salários reais recuou 1,7%, e o salário real médio ficou 2% menor. Na comparação com o mesmo mês de 2004, os números são positivos e robustos. As horas trabalhadas cresceram 8,1%, as vendas reais 11,8% e o salário real médio subiu quase 5%.