Título: Crise e preço levam Petrobras a postergar projetos
Autor: Rosas , Rafael
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2008, Empresas, p. B7

A crise financeira e a queda dos preços do petróleo para a faixa de US$ 60 levaram a Petrobras a ajustar o perfil de alguns projetos na área de exploração e produção. A empresa adiou planos que previam a antecipação de produção de óleo pesado e investimentos para aumento da produção em campos maduros, segundo o gerente-geral de novos negócios de exploração e produção da companhia, José Jorge de Moraes Júnior. "Estes ajustes são necessários e vão acontecer. Serão divulgados no planejamento estratégico", disse Moraes Júnior ontem, durante o XII Congresso Brasileiro de Energia.

A iniciativa faz sentido considerando-se que extrair óleo pesado exige investimento mais elevado - é necessário injetar lamas especiais, água e gás para facilitar a produção do óleo que, por sua vez, é vendido com desconto de aproximadamente US$ 15 em relação ao petróleo leve. E os campos maduros exigem investimento em tecnologia e serviços para extrair óleo dos reservatórios que já em fase de esgotamento.

Frisando que estão excluídos destes ajustes os projetos de desenvolvimento dos campos do pré-sal, o executivo ressaltou que o adiamento desses projetos não vai interferir nas metas de produção para 2009 e 2010. Sem detalhar projetos, ele disse que haverá um esforço para antecipar o início da produção no Parque das Conchas - onde foram encontrados quatro campos no bloco BC-10, operado pela Shell e que tem a Petrobras como sócia minoritária. O início da produção estava previsto para 2010 e agora a nova previsão é 2009, explicou o gerente-geral .

Segundo Moraes Júnior, o impacto dos adiamentos sobre a produção poderá ser maior no período 2012-2013, mas a expectativa é de que, até lá, os preços do petróleo já tenham se recuperado, viabilizando de novo a antecipação em alguns campos e o aumento de produção em áreas maduras.

Moraes Júnior revelou ainda que a licitação das 28 sondas do programa lançado pela Petrobras este ano - as 12 primeiras já foram encomendadas para empresas de fora do Brasil - ficarão para 2009. Em relação ao pré-sal, o executivo frisou que no ano que vem a empresa vai voltar a realizar perfurações em Tupi, Iara, Júpiter e Azulão (antigo Ogum). A expectativa da estatal é de chegar a 2015 produzindo cerca de 1 milhão de barris no pré-sal da Bacia de Santos.

O contrato de WTI para dezembro caiu 56 centavos de dólar ontem, cotado a US$ 54,39. O Brent para janeiro terminou a US$ 51,84, queda de 47 centavos de dólar. (Colaborou Cláudia Schuffner)