Título: Confiança em medidas de Obama para amenizar a crise
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Fonte: Valor Econômico, 20/11/2008, Finanças, p. C10

Vikram Pandit assumiu a presidência do Citigroup no início do ano e está comandando o outrora um dos maiores bancos do mundo em um dos piores momentos de seus 200 anos de existência. Mas Pandit parece otimista ao dizer que o banco está terminando o ano em muito melhor forma do que começou. "Os tempos são desafiadores, mas estamos superando os problemas. Antecipamos o ciclo e estamos prontos. Entraremos em 2009 muito mais fortes do que estávamos no início de 2008", afirmou Pandit.

Ao longo dos onze meses de comando, Pandit promoveu a venda quase duas dezenas de operações e levantou US$ 85 bilhões em capital, incluindo US$ 25 bilhões do governo. Os custos foram reduzidos em US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões, com queda de 20% em relação ao pico. O corte de pessoal vai superar 50 mil, em parte consequência da venda de operações.

A liquidez também melhorou. Segundo o presidente para a América Latina e México, Manoel Medina-Mora, Pandit dobrou as reservas do Citi para cerca de US$ 12 bilhões. Segundo Pandit, o banco está preparado para operar com um índice de desemprego nos Estados Unidos de 7% a 9%. A taxa chegou a 6,5% em outubro e estava em 4,6% no ano passado.

Pandit prefere chamar a crise de "correção econômica"; e acredita que a administração do novo presidente americano, Barack Obama, terá papel importante na reversão da desaceleração. "A questão de quanto tempo a desaceleração vai levar depende da nova administração dos Estados Unidos. O país está mudando a liderança e isso restaurou a confiança nos mercados. Há a expectativa de medidas que vão encurtar o período de ajuste. Muitas pessoas dizem que o pior já passou, mas depende de como o mercado imobiliário vai reagir. Ninguém pode dizer quando isso vai ocorrer mas nosso sentimento é que vamos ter grande lideranças no novo governo e isso vai fazer diferença", afirmou.

O presidente do Citi afirmou que o governo e o banco central americanos fizeram muito para amenizar crise, com a injeção de recursos, capitalização dos bancos, garantia de depósitos e animação do mercado de commercial paper -- mas o dinheiro ainda não está chegando na ponta. Além disso, liberou US$ 300 bilhões para os consumidores no meio do ano por meio de política fiscal.

Pandit espera que a nova administração amplia o estímulo fiscal para encurtar o período de ajuste e amenizar os problemas. Para ele, isso pode vir de três maneiras. Uma pelo estímulo fiscal direto. Outra em programas de investimento em infra-estrutura e diretamente para o mercado imobiliário. Além disso, espera alguma medida direcionada para facilitar a continuação do processo de desalavancagem dos bancos, que facilite a negociação dos ativos de melhor qualidade. (MCC)