Título: Crise faz produção de aço no mundo cair 12% em outubro
Autor: Ribeiro, Ivo
Fonte: Valor Econômico, 21/11/2008, Empresas, p. B7

A crise mundial já bateu fundo na produção mundial de aço. O volume de aço bruto que saiu dos altos-fornos das siderúrgicas em outubro tiveram queda recorde nesta década. Conforme dados divulgados ontem pela World Steel Association, a produção do mês passado somou 100,5 milhões de toneladas, decréscimo de 12,4% em comparação oa mês mês de 2007. Em relação a setembro passado, a retração foi de 6,9%.

A Worldsteel, com sede em Bruxelas, reúne 66 países produtores de aço e seu membros respondem por cerca de 85% do total fabricado no mundo.

O retrato de outubro mostra os impactos da crise financeira sobre todas as economias. Um deles se destaca pela importância do país indústria do aço: a China, país de onde sai mais de um terço da oferta de aço bruto do mundo, fabricou 17% a menos que outubro do ano passado, alcançando 35,9 milhões de toneladas. Em comparação a setembro foi 9,4%, pois as usinas chinesas já vinham desacelerando o ritmo desde julho por conta das Olimpíadas, que ocorreram em Pequim em agosto.

No acumulado do ano, a produção mundial de aço atingiu 1,136 bilhão de toneladas, ainda revelando aumento de 2,9% sobre igual período do ano passado, quando ofertou 1,1 bilhão de toneladas. A oferta chinesa nos dez meses ficou em 427 milhões de toneladas, com expansão de 3,9% comparado a um ano atrás.

Desde 2003, o setor viveu um ciclo de exuberância na demanda, com crescimento expressivo da produção a cada ano. Passou de 904 milhões de toneladas em 2002 para 1,34 milhões no ano passado. A China teve papel fundamental nessa arrancada.

Por conta da paralisação de atividades em vários setores, com destaque para o automotivo, a demanda de aço neste trimestre cai fortemente nos principais mercados, em especial Estados Unidos, Europa e Japão, além da China, que vinha consumindo quase 500 milhões de toneladas para atender ao crescimento de sua economia. A construção civil e obras de infra-estrutura eram o principal motor da demanda de aço chinesa.

As usinas da Ásia, como um todo, tiveram retração de 11,6% no mês passado, baixando a oferta para 56,9 milhões. A produção do Japão perdeu 2,7%. Já Índia e Coréia do Sul mostram aumentos 3,8% e 5,9%, respectivamente.

Na União Européia, conforme a Worldsteel, a Alemanha apresentou queda de 7,7% em outubro e a Itália de 12,2%. A França ainda mostrou alta, de 16%. Os países da região do CIS, como Rússia e Ucrânia, sofreram cortes profundos em seus parques fabris - 32,6%, na média do mês. A siderurgia ucraniana, que tem a usina Krivy, da ArcelorMittal, como uma das maiores, produziu 48,7% menos. Na Rússia, o índice alcançou 27%.

Na América do Norte, com destaque para Estados Unidos, a produção de aço bruto foi 12,9% menor que no mesmo mês do ano passado, enquanto na América do Sul baixou apenas 0,8%.

A siderurgia brasileira ficou em linha com setembro deste ano, com 2,9 milhões de toneladas, 0,1% abaixo de outubro de 2007. No país, a ArcelorMittal Tubarão anunciou corte de 35% desde o início de novembro e a Usiminas vai parar um de seus altos-fornos a partir de 5 de dezembro para reforma. Em julho, o IBS, entidade do setor, refez sua previsão do ano para 36,3 milhões de toneladas.