Título: Lamy define pontos chaves da negociação
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Fonte: Valor Econômico, 24/11/2008, Brasil, p. A5

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, apontou ontem quatro pontos para os países tentarem avançar nos próximos dias: salvaguarda especial e número de produtos sensíveis na área agrícola, e acordos setoriais e erosão de preferências na área industrial.

Sem solução para esses problemas, dificilmente será possível quebrar o impasse em outras áreas numa eventual reunião de ministros em dezembro. Na parte de subsídios, a situação estaria "estabilizada", segundo um negociador, o que não significa consenso.

Nos últimos dias, a única sinalização positiva envolveu a questão de acordos setoriais para eliminação mais rapidamente de tarifas de importação de determinadas áreas industriais. É que outros países desenvolvidos passaram, a exemplo dos emergentes, a considerar que os EUA exageram ao querer definir o mais rapidamente possível quais os setores que poderiam ser alvos de acordo ou o tamanho dos cortes das alíquotas.

A pressão é sem precedentes para a OMC realizar uma reunião ministerial em dezembro e tentar fechar as bases de um acordo agrícola e industrial. E uma mistura de nervosismo e ceticismo é evidente entre boa parte dos negociadores.

Os líderes políticos se comprometem em fazer avanços na rodada, mas não dão sinais de flexibilidade. Os mediadores das negociações agrícola e industrial vão esperar até sexta-feira para decidir se têm condições de colocar novos textos de compromisso até o começo de dezembro para os ministros eventualmente fazerem a barganha. Lamy também precisa manobrar com muito cuidado. Ele é o único candidato a sua própria reeleição, mas um passo em falso pode trazer-lhe dissabores no momento da votação. (AM)