Título: Restrições ao crédito dificultam embarques
Autor: Figueiró , Inês
Fonte: Valor Econômico, 24/11/2008, Brasil, p. A8

A movimentação registrada pelo setor exportador nesse pós-agravamento da crise global ainda está fortemente relacionada às encomendas já feitas. "O problema está nas encomendas futuras e, aí, o ano de 2009 preocupa", afirma o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Benedicto Fonseca Moreira. Nesse sentido, os exportadores estão cobrando do governo federal uma posição mais assertiva e rápida na resolução de antigas demandas.

"O Brasil precisa ampliar o conceito de blindagem para processo de apoio à produção", diz Moreira, enfatizando que as medidas anti-crise fundamentais estão na garantia de imunidade tributária plena para a exportação sob pena de a balança de pagamentos se deteriorar.

A gestão em favor da resolução do litígio, que já dura 15 anos, sobre o crédito-prêmio de IPI - benefício fiscal que foi criado em 1969 com o objetivo de financiar os exportadores e suspenso em 1983 - é vista como uma possibilidade de injetar novo ânimo para muitos exportadores. "Uma decisão favorável dará uma renovada na liquidez de muitas empresas. É uma situação de vida ou morte para algumas empresas de médio e grande porte", destaca o diretor de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti da Fonseca. O executivo argumenta que esta é uma maneira legítima de o governo dar seu apoio aos exportadores, sobretudo em um cenário onde existe uma crise de crédito para o setor.

"Hoje, estamos mais preocupados com as medidas de crédito, fundamentais ao comércio exterior", diz Fonseca. Segundo ele, o crédito de embarque, na forma de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), está restrito em volume, prazo e custo, o que tira do exportador um elemento fundamental que é o financiamento de capital de giro em parâmetros internacionais.

O mesmo acontece com relação às cartas de crédito. Os bancos estão restringindo volume e o resultado é um volume de mercadorias que não está embarcando por falta de liberação da carta de crédito. A questão preocupa o setor exportador, que intensificou sua gestão junto ao Banco Central para que este agilize o crédito e também garanta funding para os bancos brasileiros no exterior a fim de que eles possam financiar os exportadores.