Título: Governo lança campanha publicitária para mostrar ação de Lula na crise
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 25/11/2008, Política, p. A7
O governo vai lançar, no início de dezembro, uma grande campanha publicitária para mostrar à população que o Brasil está conseguindo enfrentar a crise econômica e que não há razões para que as pessoas - especialmente aquelas que não estão endividadas - desistam de fazer as suas compras de Natal temendo uma possível recessão mundial. Ao lado do discurso de que o Brasil fez o dever de casa para atravessar incólume a tempestade, as duas ações servirão para dar um discurso político forte e seguro à possível candidata do PT à Presidência da República em 2010, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teme que a crise enfraqueça seu governo e a candidata governista à sucessão. Ruy Baron/Valor
Lula e Dilma: ações têm por objetivo dar discurso forte à ministra da Casa Civil, provável candidata do Palácio do Planalto à sucessão presidencial em 2010
A campanha foi debatida em reunião ministerial, realizada ontem na Granja do Torto. Segundo o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, o governo pretende mostrar claramente as medidas tomadas até o momento para enfrentar a crise internacional, demonstrar que o Brasil está sólido em seus fundamentos e que não há razões para que os brasileiros não confiem na economia do país.
O presidente Lula tem repetido diversas vezes, desde o acirramento da crise internacional, que a população não deve desistir de "ir à compras" naquilo que já foi definido como pacote anti-pânico. Para o presidente, se o ritmo de consumo não for mantido, a crise se agravará ainda mais, pois o comércio venderá menos, a produção industrial cairá e, conseqüentemente, postos de trabalho acabarão sendo fechados.
As peças da campanha deverão mostrar que o Brasil é sólido economicamente. Que está mais preparado para enfrentar crises do que no passado e que, comparativamente aos grandes países - em especial os Estados Unidos e os que integram a União Européia, encontra-se em melhores condições de enfrentar o atual momento.
Lula abriu a reunião ministerial afirmando que ela tinha como objetivo mostrar aos ministros "o chão em que eles estavam pisando". O presidente destacou que, durante a reunião do G-20, realizada recentemente em Washington, ele pode perceber claramente que alguns governantes, como o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, têm mais clareza das dimensões da crise do que outros chefes de Estado.
"A crise é grave, requer medidas urgentes, mas o Brasil está mais preparado que países como Coréia, Rússia e Índia para enfrentá-la. Não apenas porque o presidente Lula tem sorte, mas também porque o Brasil fez o dever de casa", disse Franklin. Esse dever de casa seria o conjunto de ações tomados pelo governo desde a posse e que, segundo Franklin, sofreram fortes críticas de oposicionistas, aliados e economistas capacitados ao longo desses seis anos de governo.
Nesse conjunto de ações, estariam o controle da inflação, a formação de reservas internacionais e programas de distribuição de renda, entre outros.