Título: Estrangeiro resgata US$ 7,8 bi em ações e títulos
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Fonte: Valor Econômico, 25/11/2008, Finanças, p. C2

A crise financeira internacional levou os investidores estrangeiros a resgatar em outubro US$ 7,781 bilhões que estavam aplicados em ações e títulos públicos dentro do país, mostram dados do balanço de pagamentos divulgados ontem pelo Banco Central. Mas a repatriação de capitais dá sinais de perder força a partir de novembro. "O pior da crise passou", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco central, Altamir Lopes.

Em outubro, a saída de capitais estrangeiros da Bolsa chegou a um pico de US$ 6,065 bilhões. Em novembro, o fluxo de saída tornou-se mais moderado, somando US$ 880 milhões, até o dia 24. Os resgates feitos por estrangeiros em aplicações de renda fixa no país, sobretudo títulos públicos, somaram US$ 1,716 bilhão em outubro e, em novembro, caíram a US$ 604 milhões, nos dados até o dia 24.

A taxa de rolagem da dívida externa sofreu forte redução em novembro. Em outubro, as novas captações representaram 126% das dívidas que tiveram vencimento no mês; em novembro, até o dia 24, esse percentual havia caído para apenas 18%.

Lopes explica que em outubro, apesar da crise, a taxa de rolagem havia sido maior porque os vencimentos da dívida externa foram relativamente modestos no mês, com apenas US$ 596 milhões. Em novembro, os vencimentos foram fortes e chegaram a US$ 2,121 bilhões, até o dia 24. Os investimentos estrangeiros diretos se mantêm robustos mesmo depois da crise. Em outubro, somaram US$ 3,913 bilhões, e os dados parciais de novembro, até dia 24, registram ingresso de US$ 2,350 bilhões.

Os investimentos diretos acumulados de janeiro a outubro somam US$ 34,734 bilhões e, dois meses antes do encerramento de 2008, já garantem que neste ano será batido o recorde de ingressos. O maior volume já registrado foi em 2007, com US$ 34,585 bilhões, e o segundo maior, em 2000, com US$ 32,779 bilhões. "Os investimentos diretos têm uma perspectiva de mais longo prazo, e sua queda não se manifesta no primeiro momento de uma crise", disse Lopes. Segundo ele, os investimentos em curso não são interrompidos. Mas, dependendo da evolução da economia, as empresas podem cancelar novos investimentos.

O mercado de câmbio registra déficit de US$ 2,533 bilhões em novembro, até o dia 21. O segmento de câmbio comercial apresenta superávit de US$ 2,321 bilhões e segmento financeiro, no qual são registradas as operações de serviços e os movimentos de capital, tem um déficit de US$ 4,854 bilhões.

Segundo dados apresentados ontem pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, em reunião ministerial realizada na Granja do Torto, as intervenções feitas pelo BC nesta crise, desde setembro até o dia 21 de novembro, somam US$ 47,9 bilhões. Desse total, US$ 17,9 bilhões foram vendas de moeda com recursos das reservas. Nos leilões de venda à vista de moeda, o BC colocou US$ 6,2 bilhões no mercado; nas vendas de dólares com compromisso de recompra, US$ 6,4 bilhões; nos empréstimos em moeda estrangeira garantidos por bonus globais, US$ 1,5 bilhão; e nos empréstimos garantidos por ACCs e ACEs, foram US$ 3,8 bilhões. O BC também fez um total de US$ 30 bilhões em "swaps" cambiais no mercado futuro de dólares. (AR)