Título: Repasse da alta do dólar ainda é pequeno nos produtos eletrônicos
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Fonte: Valor Econômico, 26/11/2008, Brasil, p. A3

Eletrodomésticos e eletroeletrônicos, bens que contam com componentes importados, registraram pequenos aumentos por conta do reflexo da alta do dólar na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituo de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) no período de trinta dias encerrado em 22 de novembro. As altas são modestas e ainda muito inferiores à flutuação do dólar, mas invertem a tendência de queda de preços. Até outubro, quase todos os produtos registravam deflação nos últimos 12 meses.

Por categoria, o maior repasse ocorreu em equipamentos de informática e telefonia, com alta de 1,85% na terceira medição de novembro do IPC da Fipe. De novembro de 2007 a outubro deste ano, estes itens acumulam queda de 15,88%. Entre os equipamentos que compõem a categoria, os microcomputadores subiram 2,37% no período da terceira semana de novembro. O dólar registra alta de 30,43% desde o início da segunda quinzena de setembro e seu valor médio subiu 7% no mesmo período da coleta de preços da Fipe para a terceira medição de novembro.

Os televisores subiram 1,1%, mas outros bens continuaram a trazer deflação. O preço da geladeira teve queda de 1,3% na terceira semana de novembro, enquanto o do ferro elétrico caiu 1,8%.

Para o professor de administração do varejo da Fundação Instituto de Administração (FIA), Nuno Fouto a explicação dos aumentos sob influência do dólar verificados em produtos com componentes importados, está na indústria. "A indústria de eletroeletrônicos, principalmente no caso dos computadores, importa praticamente tudo, e com isso a pressão por aumento dos preços está muito grande" observa Fouto. Já os eletrodomésticos de linha branca não devem sofrer tanto impacto da variação cambial, por contar com uma produção interna muito forte.

Ele acredita que a parceria entre varejo e indústria, que nos últimos dois anos desenvolveu grandes campanhas para atender um mercado nacional emergente, já negocia em bases novas e em menores volumes para o estoque do próximo ano. Sobre o aumento dos preços, Fouto diz que é ainda possível encontrar no varejo, para este fim de ano, grande parte dos produtos sob a inércia dos preços praticados até o momento. E produzidos com um câmbio mais baixo.

Para o diretor-executivo do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), Emerson Kapaz, algumas redes varejistas já devem estar repassando os preços sobre os produtos importados, mas os reajustes serão moderados neste período de fim de ano. "A tendência é que ocorram promoções de Natal que devem permanecer até o fim de ano, com os consumidores e os varejistas de olhos nos preços", pondera Kapaz.

A pesquisa divulgada ontem pela Fipe registrou alta de 0,54% para o conjunto dos preços no período de 30 dias encerrados na terceira semana de novembro, com desaceleração diante das duas primeiras semanas, quando fecharam em 0,57% e 0,58%.