Título: Com queda nas vendas, Gerdau corta produção
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Fonte: Valor Econômico, 26/11/2008, Empresas, p. B9

O grupo Gerdau, segundo maior produto de aços longos do mundo, informou ontem que suas vendas vão cair 24% neste trimestre comparado a igual período de 2007. O recuo, que ocorre na mesma proporção nas exportações a partir do Brasil, se deve ao quadro de estoques elevados no exterior e redução na demanda que obrigaram a empresa a para alto-fornos no Brasil e Peru.

Sem informar números, o presidente da Gerdau, que opera em 14 países, André Gerdau Johannpeter, afirmou que a maior parte da queda ocorre no exterior. ¿Lá fora tem nível de estoque muito maior que aqui¿, disse em reunião com acionistas e analistas. ¿O quarto trimestre é normalmente mais fraco que o terceiro e, muito difícil ver qualquer coisa além. Vamos ter que esperar janeiro e fevereiro para começar a ter um cenário mais claro que teremos à frente¿.

Segundo o vice-presidente de finanças, Osvaldo Schirmer, pergunta sobre o impacto da retração das vendas no balanço do ano, ¿por pior que seja o último trimestre, ele não fará 2008 pior que 2007 de jeito nenhum¿. De janeiro a setembro, o lucro liquido da Gerdau cresceu 38% em relação a um ano atrás, para R$ 4,6 bilhões.

A companhia resolveu antecipar de 2010 para este ano a parada para manutenção do alto-forno nº 1 da Gerdau Açominas, o que vai gerar uma perda de produção de gusa, matéria-prima bruta do aço, de 720 mil toneladas ou 16% da capacidade anual. A produção do alto-forno será paralisada entre 15 de dezembro e 15 de março. A unidade tem dois alto-fornos e capacidade total de 4,5 milhões de toneladas de aço por ano (tarugos e placas).

Outra decisão foi parar, desde anteontem, o alto-forno da Siderperú. A previsão de retomada das operações, de forma gradual, será em janeiro, mas o alto-forno voltará a funcionar somente em março. A empresa faz 500 mil toneladas ano. Portanto, a perda será da ordem de 80 mil a 100 mil toneladas no período.

Segundo Johannpeter, o grupo não fez demissões e não tem até o momento planos de férias coletivas. Será uma decisão a ser tomada em caso de maior agravamento da crise. Schirmer lembrou que 75% do parque fabril é à base de forno-elétrico-sucata, o que permite flexibilidade de ajuste na produção com paradas temporárias e redução de turnos. Isso já vem ocorrendo na maioria das usinas, principalmente EUA e Europa.

Para Schirmer, a prioridade é rentabilidade, redução de custos e geração de caixa. ¿Vemos concorrentes em posição mais frágil com a crise e isso pode criar oportunidades, mas nossa prioridade é gerenciar a crise¿. Ele lembrou que a Gerdau sempre foi muito espartana. ¿Agora há fortes motivos para retomar isso com mais rigor. (Com Ivo Ribeiro, de São Paulo)