Título: Crédito para compra de veículos e para empresas tem forte retração
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 26/11/2008, Finanças, p. C2

Apesar do crédito bancário como um todo ter crescido em outubro, alguns segmentos do mercado tiveram retração importante no mês. É o caso dos financiamentos para a aquisição de veículos e algumas linhas de financiamentos às empresas.

As carteiras de empréstimos para a compra de automóveis encolheu 0,7% em outubro, comparado com setembro, fechando o mês em R$ 136,580 bilhões. O diretor de finanças da Caixa Econômica Federal, Márcio Percival, diz que volume caiu porque os bancos pequenos e médios e financeiras ligadas às montadoras de veículos estão entre os mais atingidos pela crise de liquidez. "Os bancos públicos têm uma atuação restrita no financiamento de veículos."

O volume de financiamentos tradicionais para a compra de veículos caiu 3% em outubro, sempre na comparação com o mês anterior, chegando a R$ 80,849 bilhões. Essa modalidade de crédito já vinha perdendo espaço para o "leasing" nos últimos meses que, entre outros benefícios, é isento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Mas também foi registrada uma forte desaceleração no "leasing" de veículos, que cresceu 2,7% em outubro e, no período imediatamente anterior, apresentava expansão de 5,8%.

Outras linhas de empréstimos a pessoas físicas continuaram a se expandir. É o caso do cheque especial, com avanço de 7,9%; do crédito pessoal, com 2,6%; e do financiamento imobiliário com recursos livres, que cresceu 5,7% no mês.

Entre os financiamentos a pessoas jurídicas, cresceram principalmente as linhas destinadas a grandes empresas, que, até pouco tempo atrás, captavam recursos preferencialmente no mercado de capitais e no exterior. "Houve um deslocamento dessa demanda para o mercado de crédito", disse Percival.

Isso explica por que linhas tradicionalmente acessadas por grandes empresas, como desconto de duplicatas e capital de giro, registraram expansão de, respectivamente, 3% e 4,4% no mês. As operações de antecipação de contrato de câmbio (ACCs) avançaram 3,8%, em parte devido ao efeito estatístico da valorização de 10,5% do dólar, que amplia o valor em reais de empréstimos referenciados em moeda estrangeira. "Também foram colhidos resultados das medidas tomadas pelo governo para injetar liquidez em dólares no mercado", diz Percival.

Entre as linhas cujos volumes caíram estão o "hot money" (-4,2%), o desconto de promissórias (-11,1%), a aquisição de bens (-0,7%) e o vendor (-2%).