Título: 30 anos do PT ajudam a projetar a ministra
Autor: Couto, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 12/02/2010, Política, p. 4

Comercial veiculado em rede nacional enaltece feitos do partido em três décadas e termina com Lula apresentando a ministra para o eleitorado

Veiculado ontem em todas as emissoras de rádio e televisão do país, o comercial particular em comemoração aos 30 anos do Partido dos Trabalhadores oficializou o que o presidente Lula já planejava desde 2008, quando decidiu que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, seria sua candidata ao Palácio do Planalto. Coincidentemente, a peça publicitária, com 60 segundos de duração, foi criada por João Santana, mesmo publicitário responsável pela campanha do presidente em 2006 e que também já acertou que será o autor de todo o trabalho de mídia da petista na corrida(1) pela Presidência da República.

O comercial faz um breve resumo da história do partido, incluindo a luta pela democracia, destaca os benefícios concedidos pelo governo Lula aos mais pobres e enfatiza o espaço alcançado pelas mulheres, negros e índios. À frente de uma multidão formada por trabalhadores, estudantes, aposentados e índios, Lula antecede a fala de Dilma com a seguinte frase: ¿Eu sou PT. A Dilma é PT. Nós todos somos PT. E você?¿ Vestida com o mesmo tom de vermelho da cor oficial do PT, Dilma, encerra a propaganda. ¿Venha com a gente. Vamos continuar mudando o Brasil¿. O recado é claro aos eleitores: um potencial governo capitaneado pela ministra da Casa Civil seguiria na mesma linha do governo atual.

Sem revelar valores do vídeo, com produção requintada, o secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, diz que não tem os números de cabeça. ¿Estou viajando e não tenho como te passar isso, mas vai estar tudo na prestação de contas do partido¿, afirmou. Na quarta-feira, as emissoras de rádio e televisão veicularam as propagandas estaduais em comemoração ao 30º aniversário de criação do PT. ¿Em cada unidade da Federação mostramos as lideranças e a história local do partido¿, explicou Naime.

PDT Partido da base aliada do governo, o PDT apresentou ontem, em programa nacional de rádio e TV, o que considera avanços na área trabalhista durante a gestão do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, e, por tabela, sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Aliado ao projeto de eleger a presidenciável Dilma Rousseff (PT), o PDT falou sobre o aumento das aposentadorias e do salário mínimo e também da proposta de redução da jornada de 40 horas, que tramita na Câmara Federal. ¿São também bandeiras do partido¿, disse o deputado federal e presidente da sigla em São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

Os mesmos temas já foram tratados no programa da sigla veiculado em outubro, quando o PDT elogiou as políticas anticrise do governo. Desta vez, o viés econômico foi substituído por uma marca mais política, de pregação da continuidade dos programas do atual governo.

Além de Lupi e Paulinho, participaram do programa o deputado federal Vieira da Cunha (RS), presidente da legenda, e o senador Osmar Dias, pré-candidato do PDT ao governo do Paraná e assediado tanto por PT quanto pelo PDT.

1 - Oposição volta ao TSE PSDB, DEM e PPS entraram ontem com uma nova representação contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, por campanha eleitoral antecipada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dessa vez, a causa foi o discurso feito por Lula essa semana em Minas Gerais, em que ele disse: ¿Vamos fazer a sucessão neste país para dar continuidade ao que estamos fazendo. Este País não pode voltar para trás como se fosse caranguejo¿. Essa foi a terceira ação dos partidos oposicionistas com o presidente e a ministra este ano. Outras seis haviam sido impetradas no ano passado, também por propaganda eleitoral antecipada. Todas, até agora, foram arquivadas pelo TSE.

Eu sou PT. A Dilma é PT. Nós todos somos PT. E você? Venha com a gente. Vamos continuar mudando o Brasil¿

Falas de Lula e de Dilma no comercial

FHC reforça a artilharia contra Dilma Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press - 7/7/09 Desde o fim de semana, FHC vem repetindo ataques à gestão dos petistas

Dando sequência à série de críticas ao governo do PT e à pré-candidata do governo à Presidência, Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) voltou à carga em entrevista ao jornal Miami Herald. Em texto divulgado ontem pelo jornal, FHC qualificou a ministra da Casa Civil de ¿dogmática¿ e ¿autoritária¿. Entrevistado por Andres Oppenheimer, Fernando Henrique afirmou que Dilma ¿ainda não tem qualquer experiência de liderança¿. Além disso, repetiu a crítica realizada recentemente, segundo a qual a ministra ¿não é líder¿. Questionado sobre se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria uma ascendência sobre Dilma, caso ela fosse eleita, FHC disse que isso provavelmente não ocorreria. Segundo ele, isso se daria também pelas características pessoais de Dilma. ¿Ela é uma pessoa muito dura, autoritária¿, avaliou o tucano.

Em uma comparação, o ex-presidente disse que Lula é mais independente em relação ao Partido dos Trabalhadores, além de qualificá-lo como um negociador habilidoso. ¿Ele tem a habilidade para mudar uma opinião¿, notou. Já a ministra, para FHC, provavelmente não teria essa postura, ¿porque ela é mais ¿ talvez isso seja um pouco duro ¿ dogmática. Ela tem uma visão um pouco mais datada...favorecendo uma maior interferência do Estado (na economia)¿.

O ex-presidente disse ainda que ¿provavelmente¿ Dilma teria uma relação mais próxima com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Após ressalvar que o Brasil tem instituições sólidas, FHC afirmou que ¿o coração de Dilma é mais próximo da esquerda¿. Após a entrevista, Oppenheimer faz sua própria avaliação sobre a entrevista e o momento político do País. Segundo ele, a campanha já está a pleno vapor. Por isso, é necessário relativizar as declarações dos políticos nesse momento. O jornalista apostou que a petista precisará caminhar para o centro para poder vencer. Oppenheimer concordou com a solidez das instituições brasileiras, o que impediria que ¿qualquer presidente destruísse os ganhos econômicos do país dos últimos 15 anos¿. ¿Apesar da política externa repulsiva de Lula ¿ ele está apoiando as piores ditaduras do mundo ¿, o Brasil provavelmente continuará como um modelo de comportamento econômico responsável e de redução de pobreza na América Latina¿, avaliou o jornalista.

Governo celebra as comparações O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), admitiu ontem que é de interesse do governo federal a estratégia de comparações com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, Dilma foi escolhida para suceder Lula porque é ¿a melhor entre os melhores¿, assim como o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que teve posição no governo Fernando Henrique quando foi ministro do Planejamento e da Saúde.