Título: OHL reduz ímpeto e adota cautela no Brasil
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/11/2008, Empresas, p. B7

A OHL, maior concessionária de rodovias estatais no país em quilômetros e grande vencedora do último leilão de estradas federais , ainda não decidiu se participará das próximas licitações. A companhia, que ainda precisa desembolsar cerca de R$ 5 bilhões até 2013 apenas nas cinco rodovias federais que assumiu na metade deste ano, afirma estar analisando a possibilidade de participar de novos leilões, mas não tem nenhuma diretiva clara sobre o assunto. Carol Carquejeiro/Valor José Carlos Oliveira, presidente da OHL, está confiante que conseguirá um empréstimo-ponte com o BNDES para realizar os investimentos necessário em 2009

A companhia ainda não conseguiu iniciar a cobrança de pedágio nas cinco rodovias federais, o que só deve ocorrer no início de 2009 e ainda assim em apenas algumas das praças programadas. Além disso, terá que investir cerca de R$ 1 bilhão nessas estradas em 2009. "Estamos analisando cada caso com muito cuidado", afirma José Carlos Oliveira, presidente da empresa, que não participou do último leilão de rodovias paulistas, realizado em outubro.

O próximo trecho a ir a leilão é o corredor formado pela BR 116 e BR 324, que liga a divisa da Bahia com Minas Gerais a Salvador. De acordo com Oliveira, a OHL vai acompanhar as duas audiências públicas que serão realizadas em dezembro. Mas, segundo ele, se não houver mudanças em pontos chaves da licitação, dificilmente a companhia fará ofertas. O leilão está marcado para o dia 21 de janeiro, quase 30 dias depois da data originalmente definida.

A aparente falta de ímpeto - ao menos pública - da OHL está também ligada aos compromissos financeiros de curto prazo que a companhia tem nas suas novas concessões e também com os efeitos da crise financeira mundial. Com o enxugamento do crédito tanto no mercado nacional quanto internacional, a OHL está contando com o BNDES para levantar boa parte dos recursos necessários para cumprir suas obrigações de investimento pelos próximos seis anos. A companhia já teve seu projeto enquadrado pelo banco federal e espera ter até 70% dos quase R$ 5 bilhões financiados.

A OHL também aposta suas fichas no BNDES para obter 100% dos recursos que necessita para realizar os investimentos programados nas cinco rodovias federais em 2009. A companhia requisitou um empréstimo-ponte de cerca de R$ 1 bilhão ao banco, que serão usados praticamente de forma integral nas obras de melhorias que serão realizadas em 2009. "O BNDES já nos deu a indicação que fará a liberação do empréstimo-ponte no primeiro trimestre, estamos confiantes que isso ocorrerá", disse o presidente da companhia.

De acordo com Oliveira, caso algo saia errado nas negociações com o banco federal, a companhia tem "outros recursos" para manter o cronograma de investimento. "Temos outras operações em negociação, a companhia tem meios de conseguir os recursos", disse ele sem, no entanto, detalhar que operações seriam essas.

Nos 25 anos de concessão das cinco rodovias, a OHL terá de investir R$ 14,5 bilhões em duplicação, reformas, construção de passarelas e outras obras de melhorias nas estradas. De acordo com a empresa, a partir do sétimo ano de concessão, as próprias estradas gerariam caixa suficiente para que os investimentos sejam realizados.