Título: BNDES pode ter até 33% do capital do Independência
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 27/11/2008, Agronegócios, p. B13

O BNDES amplia sua participação no segmento de frigoríficos de carne bovina no país. Depois de injetar recursos na JBS-Friboi, Bertin e Marfrig, o banco oficial vai entrar no capital do Independência, com a subscrição de ações de até R$ 450 milhões pelo BNDESPar, braço de participações do banco. A fatia da instituição no Independência pode alcançar um percentual máximo de 33%, de acordo com a assessoria de comunicação do banco. Ana Paula Paiva/Valor Destino dos recursos ainda não está definido, disse Bremer, do Independência

Se atingir o teto de 33%, esta será a maior fatia do banco de fomento numa empresa do setor de carne bovina atualmente. Na JBS, entre participação direta e indireta, o BNDESpar tem 19,4%. No Marfrig, o banco tem 14,66% do capital e na Bertin, 21,46%, segundo a assessoria do BNDES.

O diretor-financeiro do Independência, Tobias Bremer, disse que o tamanho da participação do BNDESpar no capital do frigorífico vai depender da performance da companhia em 2009. Ele apenas informou que a participação será da ordem de grandeza de dois dígitos e que o BNDESpar será minoritário. "Com esse aporte fortaleceremos nossa estrutura de capital e daremos continuidade aos planos de crescimento sustentável do Independência", afirmou ele.

Segundo Bremer, a operação com o BNDES vinha sendo negociada desde o primeiro semestre deste ano e não tem relação com a crise financeira internacional.

O aporte será feito em dois "tranches" - R$ 250 milhões saem ainda esta semana e R$ 200 milhões no começo de 2009. A operação vai envolver aumento de capital de até R$ 450 milhões do Independência Participações S.A., que, em seguida, fará um aumento de capital do Independência S.A. no mesmo valor, explicou a empresa.

De acordo com o executivo, os recursos poderão ser utilizados para aquisições, ampliação e construção de unidades, capital de giro e também para redução de dívidas do Independência. Ele admitiu, porém, que diante das incertezas na economia por causa da crise financeira internacional, o destino dos recursos ainda não está definido. Tudo vai depender da situação da economia nos próximos meses. "Nesse momento, é [para] fazer caixa", afirmou Bremer, referindo-se ao aporte de R$ 450 milhões.

O diretor lembrou que a empresa começou a operar três novas unidades no último trimestre: Confresa, Colíder, ambas no Mato Grosso, e uma no Paraguai, e que colocará duas outras em funcionamento no início de 2009: Pontes e Lacerda (MT) e Pires do Rio (GO).

Apesar do aporte do BNDES, que beneficia o Independência num momento em que há dificuldade para captar recursos no mercado, os planos da empresa de abrir o capital na bolsa de valores ainda estão de pé, segundo Bremer. "O plano da empresa de abrir capital não muda", disse. Uma oferta de ações, porém, "depende do mercado", acrescentou.

Com capacidade atual de abate de 10 mil cabeças e produção de 10 mil couros por dia, o Independência tem 14 plantas de abate e desossa, três curtumes, três fábricas de charque e cinco módulos de produção de biodiesel. A empresa faturou R$ 1,469 bilhão nos primeiros nove meses do ano e registrou prejuízo de R$ 177,315 milhões.