Título: Vale amplia investimento em petróleo e gás
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2008, Empresas, p. B9
Com o mundo das commodities metálicas em crise e uma demanda fraca por minério, a Companhia Vale do Rio Doce está fortalecendo um novo negócio em seu portfólio, a área de gás e petróleo. Na sexta-feira, a mineradora anunciou a aquisição da Petroleum Geoscience Technology Ltda (PGT), especializada em exploração e produção de petróleo e gás, por R$ 15 milhões, a ser pago em parcelas anuais até 2013.
A mineradora, que tem planos de ser autosuficiente em gás natural, está adquirindo mais conhecimento em exploração. "O objetivo é ampliar as opções de geração energética na Vale", disse Tito Martins, diretor executivo de não ferrosos e energia da companhia.
De janeiro a setembro deste ano, a Vale consumiu 379,8 milhões de metros cúbicos de gás natural, 129% a mais que no mesmo período do ano passado (165,5 milhões de metros cúbicos).
Roger Agnelli, presidente executivo da Vale, anunciou em recente entrevista que a empresa já está "furando" para obter gás. Agnelli não deu detalhes, mas ele se referia a alguns poços na bacia do Espírito Santo onde a Vale tem parceria com a Shell. "Para nós, o gás é um insumo importante. Estamos neste negócio em parceria, somos pequenininhos, mas temos ao nosso lado a Petrobras e a Shell", disse minimizando a participação da Vale no novo negócio. Na sociedade com a Shell, a mineradora é minoritária.
A compra da PGT, uma empresa que nasceu na incubadora de empresas da Coppe da UFRJ, representa um negócio pequeno para a gigante do minério, mas é estratégico porque "estamos adquirindo cérebros", ou seja, conhecimento na área, como avaliou fonte próxima da empresa. A Vale irá incorporar todo o quadro técnico da empresa, composto por 50 funcionários especializados em análise e interpretação de dados de bacias petrolíferas.
Com faturamento estimado em R$ 10 milhões, a PGT é especialista em identificar áreas com potencial para descoberta de petróleo. Antes de ser comprada pela mineradora, a PGT dava consultoria para petroleiras independentes, como as brasileiras Queiroz Galvão e Starfish, a norueguesa Norse Energy e a colombiana Ecopetrol.
A aproximação entre as duas companhias começou quando a PGT prestava serviço de avaliação na área de exploração para a Vale em 2007. Na época, a PGT foi contratada para assessorar na compra de nove blocos na 9ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em novembro do ano passado. Todos os blocos foram arrematados em parceria com empresas de petróleo.
Na ocasião, a Vale adquiriu blocos de gás na Bacia de Santos, na bacia Pará-Maranhão e no Nordeste, por R$ 31 milhões. Na Bacia de Santos, foram arrematados três blocos de água rasa, sendo dois através do consórcio Vale (30%), Petrobras (40%) e Maersk Oil (30%) e um através do consórcio Vale (40%) e Petrobras (60%). Na bacia do Pará-Maranhão, ganhou licença de exploração em quatro blocos em água rasa via consórcio Vale (30%), Petrobras (40%) e Ecopetrol S.A. (30%). No Nordeste, na bacia de Parnaíba, a Vale arrematou dois blocos em terra pelo consórcio Vale (20%), Petrobras (40%) e Devon Energy Corporation (40%).