Título: BNDES financia construção de gasoduto na Argentina
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 25/02/2005, Empresas &, p. B5
A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou, na última quarta-feira, um financiamento de US$ 200 milhões para a construção da extensão do gasoduto de San Martín, na Argentina. O novo trecho vai ligar Buenos Aires ao sul do país. O investimento total do empreendimento é de US$ 315 milhões, dos quais US$ 115 milhões são financiados na Argentina. Os recursos do BNDES nesse projeto serão destinados a exportações de bens e serviços de empresas brasileiras para o país vizinho, sendo US$ 170 milhões para exportações de bens e serviços de engenharia e construção da Construtora Norberto Odebrecht (CNO), que vai tocar o projeto e US$ 30 milhões referentes a compra e exportação de tubos pela Confab. O empreendimento foi encomendado à Odebrecht pela Transportadora de Gás Del Sur (TGS), empresa controlada pela Compañia de Inversiones de Energia (Ciesa), que tem participação acionária da Petrobras Energia (Pesa), subsidiária da Petrobras na Argentina. Guido Mantega, presidente do BNDES, destacou a importância dessa operação para o Brasil, pois envolve várias empresas brasileiras nas encomendas da Odebrecht para fazer a obra, como chapas de aço da Usiminas e Cosipa, válvulas das empresas Vanasa, IVC, MNA, Valcont, SCAI, acessórios da HCI, SCAI, Conflange e Conflan, caminhões da Scania e da Munch, máquina de soldas da Bambozzi, bomba a gás da Ingersoll e Sulzer, dentre outras. O projeto é da subsidiária brasileira da Techint, empresa argentina da área siderúrgica. Mantega disse que os recursos serão liberados em prazo rápido, pois a obra tem de estar pronta ainda para abastecer de gás Buenos Aires, no inverno. A grande novidade, segundo ele, é que esta operação está sendo feita através do Convênio de Crédito Recíproco (CCR), um instrumento pelo qual a garantia do empréstimo é dada pelo Banco Central argentino. Os recursos foram tomados pela Transportadora de Gás del Sur (TGS). Esta é a primeira operação de empréstimo do BNDES a uma empresa argentina feita via CCR. "Ela marca o restabelecimento desse instrumento, que havia sido suspenso no âmbito da Argentina, durante a crise. Isto amplia os horizontes comerciais entre os dois países e poderemos estar financiando outras operações para Argentina por esse mecanismo", disse Mantega. Os recursos serão liberados em tempo recorde, pois a obra tem que estar pronta até agosto. A operação na modalidade de "supplier credit" (na linha de pós-embarque) será feita no banco pela BNDES Exim. Nessa modalidade de crédito, o BNDES paga ao exportador brasileiro - no caso a Odebrecht e a Confab - em reais aqui no Brasil o valor equivalente aos serviços realizados na medida do cumprimento do cronograma da obra. E o tomador do financiamento, a TGS, vai pagando ao BNDES em dólar, no prazo de pagamento de 10 anos. Os desembolsos serão mensais até novembro e a carência de pagamento será até dezembro. Os encargos financeiros são Libor mais spread de 2,59% ao ano. O contrato será assinado entre as partes na sexta-feira que vem, em Buenos Aires, com a presença do presidente Nestor Kirtchner e do presidente do BNDES, Guido Mantega.