Título: Petrobras negocia captações acima de R$ 1 bi
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 04/12/2008, Brasil, p. A4

Depois do fogo cerrado vindo do Congresso Nacional por causa dos empréstimos feitos em bancos estatais, a Petrobras negocia duas captações de volume superior a US$ 1 bilhão no mercado internacional ainda para este ano. O objetivo é garantir o caixa para os investimentos de 2009. Os investimentos de 2008 já estão garantidos, disse o diretor-financeiro e de relações com investidores da estatal, Almir Barbassa. Leo Pinheiro/Valor

Guilherme Estrella: os investimentos de 2009 serão mantidos

Segundo ele, a expectativa é de concluir as novas captações até o Natal. O executivo não entrou em detalhes. "Será um pré-funding porque não preciso fazer caixa para este ano", afirmou. As negociações para os novos empréstimos estão sendo conduzidas com agências de crédito às exportações de dois países. Uma das agências é a canadense EDC (Export Development Canada). O Valor apurou que um dos empréstimos fechados ontem envolve linha de crédito no valor de US$ 500 milhões.

O dinheiro que entrar não será o primeiro de uma captação externa da Petrobras depois da crise financeira. A companhia concluiu várias captações desde que fechou o balanço do terceiro trimestre. Nele, ela informou os empréstimos no Banco do Brasil (de R$ 750,9 milhões) e na Caixa Econômica Federal (R$ 2 bilhões), entre outros. Mas depois de 11 de novembro, quando divulgou o balanço do terceiro trimestre, a estatal fez pelo menos três captações externas. Uma delas foi no valor de US$ 200 milhões.

Almir Barbassa considera "muito graves" as informações, segundo ele "infundadas", sobre dificuldades de caixa da Petrobras. "A acusação de que uma empresa está em dificuldade de caixa é muito grave. Se tiver muito ruim de caixa ela quebra no mês seguinte. Essa é a gravidade. Mas graças a Deus, não é o nosso caso."

Até novembro as captações em dólares da companhia somavam US$ 7 bilhões e Barbassa garantiu que as necessidades de caixa para 2008 já foram resolvidas. Já o diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella, afirmou que o plano de negócios da companhia para o período 2009-2013, que está sendo discutido pela diretoria, não deve contemplar redução de investimentos. A Petrobras programa investimentos de R$ 50 bilhões em 2009.

"Não é premissa do plano de 2009 a 2013 a diminuição de investimentos, tampouco a exclusão e a não realização dos nossos projetos", disse Estrella no Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos.

De acordo com ele, os investimentos na região da camada pré-sal vão se somar aos de US$ 112,4 bilhões já incluídos no plano atualmente em vigor, que engloba o quinqüênio 2008-2012 . O novo plano de negócios deve ser apresentado ao conselho de administração dia 19 de dezembro.

Estrella afirmou que os prazos para entrega das 12 sondas contratadas para perfuração em águas ultraprofundas estão garantidos e serão respeitados. As empresas que venceram a licitação para construção e afretamento dos equipamentos à Petrobras vêm enfrentando dificuldades de financiamento internacional.

Algumas tiveram de adiar a estruturação dos empréstimos para 2009, mas segundo Estrella os equipamentos entrarão em operação no tempo previsto, a partir de 2012. Explicou, ainda, que os contratos para construção dessas sondas não serão renegociados depois da queda dos preços no mercado internacional. "São contratos já assinados. O problema do preço do petróleo é pontual e nós temos que pensar em médio e longo prazo."

Ele evitou confirmar o valor dos investimentos necessários para a exploração do pré-sal dizendo que a Petrobras não tem preocupações com relação à obtenção de recursos. Segundo ele, as reservas abaixo da camada de sal garantirão escala inclusive para o crescimento da indústria brasileira, com produção de equipamentos como turbinas.

A Petrobras informou que assinou contrato de US$ 857 milhões para montagem da plataforma P-55 com um consórcio formado pela construtora Queiroz Galvão, UTC Engenharia e IESA. *Valor Online (Colaborou Francisco Góes)