Título: Brasil quer acordo entre Mercosul e países árabes
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2005, Brasil, p. A4

O governo brasileiro espera aproveitar a reunião de Cúpula entre países árabes e da América do Sul, em maio, em Brasília, para lançar as negociações de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Conselho de Cooperação do Golfo, que inclui a Arábia Saudita, o Kuwait, Omã, Catar, Bahrein e os Emirados Árabes Unidos, informou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Em viagem por dez países árabes, encerrada no domingo, após dez dias, Amorim comemorou o interesse dos governos da região na reunião de cúpula, em maio. "Todos têm interesse em tirar resultados práticos do encontro", comentou, avaliando que os temas comerciais deverão concentrar o interesse dos governos participantes. A visita do ministro Amorim aos países árabes foi feita em um jato comercial da Embraer que não voltou ao Brasil, por ter sido vendido ao governo da Nigéria. "Aproveitei para fazer propaganda", brincou o ministro, que, em dois dos países que visitou, o Kuwait e a Arábia Saudita, foi acompanhado de uma missão de empresários. No Kuwait, segundo a agência de notícias Brasil-Árabe (Anba), os empresários discutiram a possibilidade de se reduzir o saldo comercial do Brasil com o país por meio de investimentos brasileiros no mercado kuwaitiano, em serviços de infra-estrutura, ou em associações para venda de produtos brasileiros ao Iraque, com financiamento de bancos locais. "No Catar, a Mercedes-Benz e a Marcopolo venderam 540 ônibus; a Petrobras está interessada em investimentos lá, e há perspectivas de exportação de carne", relatou, entusiasmado, o ministro. A visita de Amorim incluiu a Palestina, Síria, Arábia Saudita, Catar, Kuwait, Tunísia, Argélia, Omã e Jordânia, esta última o ponto de partida da visita, por sua importância nas conversações de paz do Oriente Médio. "Nosso comércio com a Liga dos Países Árabes cresceu de US$ 2,7 bilhões para US$ 4 bilhões em um ano, e já estava aumentando", defende o ministro. Além do interesse na aproximação comercial com os países sul-americanos, Amorim ouviu propostas como a do secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), Abdul Rahman Bin Hamad Al-Attiyah, de ampliação das relações com o Brasil em áreas como economia e ciência e tecnologia. Amorim não esconde, porém, o entusiasmo com as oportunidades de negócio com esses países. "Nós é que não podemos perder tempo; a União Européia já está propondo acordos de livre comércio, com o Egito, por exemplo", afirma ele.