Título: Franquia torna viável migração de hotéis do PR para outros Estados
Autor: Marli Lima
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2005, Empresas &, p. B2

Depois de acompanhar a multiplicação das bandeiras de hotéis estrangeiros, grupos paranaenses estão partindo para o contra-ataque. Três redes do Paraná apostam que 2005 é o ano de ampliar a atuação. No dia 14 de fevereiro a Mabu enviou correspondência para 514 estabelecimentos localizados nas regiões sul, sudeste e centro-oeste para comunicar o lançamento de um sistema de franquias para unidades independentes, que ainda são maioria no país. No mesmo dia a Bristol fez em Maringá, noroeste do Estado, a primeira das cinco inaugurações previstas para 2005 e prepara-se para atuar no exterior, caso consiga a administração de um grupo formado por oito hotéis, dois deles localizados fora do Brasil. A Deville decidiu fazer parcerias com investidores para erguer novos empreendimentos ou administrar estabelecimentos de terceiros. Duas dessas redes, Mabu e Deville, foram fundadas há 30 anos e, até agora, só administravam hotéis próprios. A Mabu possui três hotéis, dois em Curitiba e um em Foz do Iguaçu, e faturou R$ 20 milhões em 2004, 17% mais que no exercício anterior. O presidente da rede, José Maria Abujamra, disse que a idéia de abrir franquias surgiu há quatro anos. "Percebemos que, naquela época, seríamos apenas uma bandeira a mais chegando no mercado. Hoje a atuação das redes internacionais foi desmistificada", disse. Em junho de 2004 a rede criou uma gerência de novos negócios e chamou Júlio Gavinho, que ocupava a mesma função na Bristol, para desenvolver um modelo de negócios. O plano será apresentado no dia 8 de março a empresários de Porto Alegre. Outros 15 encontros estão agendados para os próximos quatro meses em diversas partes do país. Gavinho disse que, até o final do ano, pretende colocar a marca Mabu em pelo menos mais 20 prédios. "Vamos ocupar um lugar que está vazio. Os donos de hotéis independentes poderão se associar a nós sem perder a administração do negócio", disse. O alvo são estabelecimentos com mais de 60 apartamentos e que foram construídos ou reformados há menos de dez anos. Após a assinatura do contrato, o franqueado pagará uma taxa mensal e caberá à rede a implantação de sistema de vendas, treinamento de funcionários e gastos com publicidade. A expectativa do grupo é de que, no final do primeiro ano, os novos negócios respondam por 7% a 9% das receitas. O grupo Deville, que usa bandeira própria em seis das sete unidades que possui no Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul, foi fundado por Jayme Canet Júnior um ano antes dele tornar-se governador do Paraná, em 1975. No ano passado, faturou R$ 36 milhões e espera crescimento de 10,5% em 2005, expectativa que pode ser ampliada em função de negociações em andamento. "Até agora estávamos voltados para investimentos próprios. Agora estamos partindo para novos negócios", contou o presidente da rede, Jayme Canet Neto, que planeja voltar ao mercado paulista com marca própria. Em 2001, ele trocou a marca Deville pela Marriott em um hotel inaugurado em 1993 nas proximidades do aeroporto de Guarulhos. Criada há 11 anos para administrar estabelecimentos de terceiros, a bandeira Bristol é a maior do Paraná e está presente em 17 hotéis, que em 2004 tiveram receitas de R$ 45 milhões. O dono da rede é o português Jorge Alves, que trabalhou em 12 países, veio para o Brasil em 1975, casou-se com uma brasileira e ficou por aqui, trabalhando na área. "Só ganhava dinheiro para os outros e decidi ganhar para mim", contou. O empresário informou que investe tudo o que ganha na marca e, até 2007, quer dobrar de tamanho e administrar 35 unidades. A próxima inauguração será em Ribeirão Preto (SP). Sete dos hotéis Bristol estão em Curitiba, onde a oferta de leitos é maior que a demanda, o que explica o interesse das redes em ganhar a administração de hotéis em outras cidades. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) no Paraná, Henrique Lenz César Filho, sócio-diretor dos hotéis Lancaster e Savoy, ambos na capital paranaense, disse que há na cidade 16,5 mil leitos, para uma média de 3,5 mil hóspedes/dia. Segundo ele, nos últimos três anos, 30 unidades foram abertas no município, e 80% delas têm bandeiras estrangeiras. "Em Curitiba, é besteira investir em hotel, porque a oferta é pelo menos 60% maior que a demanda", completou Lenz César Filho.