Título: Planos de saúde vão dar lastro a emissão
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2005, Finanças, p. C3
A Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) e o Banco do Brasil planejam lançar em março uma operação de securitização com recebíveis de planos de saúde. A emissão deve ficar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões, segundo o diretor executivo da ANS, Alfredo Luiz de Almeida Cardoso. O formato está sendo discutido entre a ANS e o Banco do Brasil e será apresentado a algumas empresas selecionadas agora no início de março. A idéia é colocar num mesmo título recebíveis de empresas diferentes, diluindo o risco para o comprador. Os papéis serão lançados apenas no mercado interno e devem ter nota de risco "AA". Cardoso e o presidente da ANS, Fausto Pereira dos Santos, participaram de um seminário em meados de fevereiro em Washington, na sede da International Finance Corporation (IFC), o braço financeiro do Banco Mundial, sobre financiamento privado a empresas do setor de saúde em países emergentes. A ANS também discutiu com o Banco Mundial a possibilidade de renovação do apoio de US$ 1,5 milhão recebido para estruturar a agência. O seminário discutiu diferentes formas de financiamento de longo prazo para companhias do setor. A IFC tem uma carteira de US$ 300 milhões investidos em 32 empresas de saúde em 23 países. As duas companhias brasileiras presentes escolheram maneiras diferentes de financiar seus planos de expansão. A Diagnósticos da América, dona das marcas Delboni Auriemo e Lavoisier, abriu o capital no ano passado e usou parte dos recursos para aquisições e abertura de novos centros de atendimento. O Laboratório Fleury preferiu manter a estrutura fechada e já usou dois empréstimos do IFC, o primeiro para financiar a expansão do número de laboratórios e o segundo para concluir as obras do hospital diurno que está terminando de construir em São Paulo. Os investimentos de US$ 60 milhões do grupo estão recebendo empréstimos do IFC de até US$ 20 milhões. O presidente do Fleury, Aparecido Bernardo Pereira, disse que no momento o grupo não pensa em abertura de capital, porque "todos os investimentos previstos têm financiamento acertado". A participação acionária do Fleury é dividida hoje entre 23 médicos e o grupo de sócios é renovado periodicamente, com regras de aposentadoria compulsória. Além do IFC, o Fleury recebeu crédito da agência alemã DEG e do BNDES, além de fornecedores de equipamentos.