Título: Petrobras faz captação de US$ 1,2 bi e é líder na emissão de títulos
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2005, CAPTAÇÕES EXTERNAS, p. Fs

A Petrobras fechou 2004 com captações de US$ 937,4 milhões, entre elas US$ 700 milhões em títulos, pelos critérios do "Ranking Valor de Captações Externas". Perdeu, pela primeira vez desde que o ranking começou a ser feito, em 2001, o primeiro lugar entre os tomadores de recursos. Mas ganhou o ranking entre os maiores emissores de bônus. No total, considerando-se operações bilaterais com bancos, organismos multilaterais e agências de fomento, a Petrobras captou US$ US$ 1,218 bilhão, informa a empresa. Do total de captações de US$ 1,2 bilhão ressaltadas pela Petrobras, US$ 600 milhões foram obtidos junto ao mercado de capitais - excluída a operação da subsidiária Petrobras Energia, considerada pelo Valor-, US$ 490 milhões no mercado bancário (financiamento ao comércio exterior) e US$ 128,5 milhões de agências de crédito à exportação dos Estados Unidos, França e Reino Unido. Foram excluídos os "project finances", financiamentos de projeto, informa a empresa. Mesmo considerando o critério da estatal é possível notar que o volume de captações da companhia caiu em relação ao ano anterior, ficando 72,72% menor que os US$ 4,426 bilhões que a Petrobras contabilizou em 2003, quando totalizou captações corporativas de US$ 1,9 bilhão em bônus, além de operações de "trade finance", securitização de recebíveis, junto a agências de crédito às exportações. Em volume, somente duas grandes captações externas da Petrobras se sobressaíram em 2004: o lançamento de bônus globais de US$ 600 milhões coordenado pelo Morgan Stanley e pela Bear Stearns, com prazo de dez anos e taxa de 7,75% ao ano; e um pré-pagamento de exportação no valor de US$ 225 milhões fechado próximo à aquisição da Agip Liquigás e da rede de postos que pertenciam ao grupo italiano EniSpa. Essa última foi coordenada pelo ING, Natexis e Société Générale, com prazo de 5 anos e custo de 3,68% ao ano. O gerente-executivo de finanças corporativas da Petrobras, Almir Barbassa, explica que em 2004 a companhia avaliou que o mercado estava caro demais. Mesmo assim ela anunciou a aquisição dos ativos Agip Brasil por US$ 450 milhões e ainda 40% da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), pelos quais foram pagos R$ 144 milhões. A companhia não precisou recorrer ao mercado para tocar seus projetos porque conseguiu manter US$ 7 bilhões no seu caixa na média do ano passado, usando para isso recursos do "colchão" formado em 2003. Ao destacar os motivos que levaram ao recolhimento da estatal em relação ao mercado no ano passado, Barbassa disse que a Petrobras tem cada vez mais se preocupado em ser uma empresa "muito oportunista", procurando captar sempre a preços mais baixos de modo a aumentar sua competitividade no mercado, tendo sempre em vista, no longo prazo, a redução as taxas e o alongamento da dívida. "A Petrobras é hoje uma multinacional e mesmo atuando no Brasil ela tem competidores internacionais aqui com custos de capital menores do que os dela", ressalta. O executivo lembrou ainda que o mercado se fechou no primeiro semestre de 2004, tendo ficado "caro demais" para os propósitos da Petrobras, só voltando a ficar atrativo no segundo semestre. "O que deixou a Petrobras em situação confortável no ano passado foram os preços do petróleo no mercado internacional, que permitiram elevar o fluxo e a geração interna de caixa sem a necessidade de grandes captações", ressalta.