Título: Bradesco realiza a maior operação de eurobônus em reais
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2005, CAPTAÇÕES EXTERNAS, p. Fs

A grande e maior novidade no mercado externo no ano passado para o Brasil foi o lançamento de eurobônus denominados em reais por grandes bancos brasileiros, além das captações feitas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. Entre os bancos brasileiros, o Bradesco fez a maior operação, de US$ 100 milhões, que representou 26,5% do total de captações externas em reais de emissores brasileiros realizadas em 2004. O Banco Votorantim saiu na frente e emitiu US$ 75 milhões já em novembro, seguido pelo Unibanco, que também captou US$ 75 milhões. O Banco do Brasil fez uma operação de US$ 72 milhões e o ABN AMRO Real, de US$ 55 milhões. Somadas todas essas emissões, chega-se um total de US$ 377 milhões emitidos em reais no ano passado pelos bancos brasileiros.

"Conseguimos atrair cerca de 30 investidores para nossos papéis na primeira emissão em reais que fizemos, o que consideramos um número muito bom", afirma José Guilherme Lembi de Faria, diretor do Bradesco. De acordo com ele, os investidores que ficaram com as maiores parcelas na operação foram os fundos de renda fixa e os fundos de hedge (os investidores menos avessos a risco). Para os emissores, o principal motivador foi mesmo o fato de o cupom cambial (juros dos investimentos em dólar no mercado interno) ter fechado tanto em dezembro passado que passou a ser mais barato captar em reais do que em dólares, afirma Lembi de Faria. O volume captado, entretanto, deixa claro que esse é um nicho de mercado ainda bastante limitado. "O cupom havia aumentado um pouco no início do ano, mas agora voltou a fechar novamente", disse o executivo. Não é à toa que o Bradesco já ampliou sua captação externa em reais neste ano, tomando mais US$ 50 milhões com juros menores. Faria diz ainda que no momento, e pelo menos por alguns meses, ficará muito caro para captar em dólares, por causa do cupom cambial apertado, o que certamente explica a pouca demanda das empresas por tomar dívida em dólar no mercado internacional. O movimento de alta das taxas de juros norte-americanas deverá manter-se firme nos próximos meses, reduzindo ainda mais as oportunidades. O revés político enfrentado pelo governo em meados de fevereiro, com a eleição de Severino Cavalcanti à presidência da Câmara dos Deputados, foi assimilado pelos investidores, diz. "Alguns analistas não gostaram desse resultado, mas ele não mexeu de maneira significativa com o mercado", diz Faria.