Título: FIDC centraliza cobranças de empresas
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2005, CAPTAÇÕES EXTERNAS, p. Fs

Há cerca de um ano, a Votorantim Industrial passou a centralizar a vida financeira de todas as empresas não-financeiras do grupo. "Só a Votorantim Celulose e Papel, que tem capital aberto, tem um grau de independência. Mas eles coordenam tudo com a gente. Somos super parceiros", explicou o diretor financeiro da Votorantim Industrial, Luis Felipe Schiriak. O resultado foi uma gestão bem mais eficiente da dívida, segundo ele. "Antes, as empresas do grupo concorriam umas com as outras na hora de captar." Além disso, não eram raras as situações nas quais uma das empresas tomava emprestado recursos de um banco e a outra tinha, no mesmo banco, uma aplicação financeira pagando menos. Hoje, esse tipo de situação acabou, conta ele. Um instrumento inovador criado pela empresa foi a utilização de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) para a centralização das cobranças do grupo, de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões por ano, administração do fluxo de caixa e da necessidade mais imediata de financiamento. "Conseguimos disciplinar nossas finanças e eliminar captações de mais curto prazo, como Adiantamentos de Contrato de Câmbio, Adiantamento sobre Cambiais Entregues e capital de giro", explica o executivo. Com patrimônio de aproximadamente R$ 200 milhões, o FIDC da Votorantim Industrial não é vendido ao investir final nem é usado pela holding para captação, embora até possa vir a ser utilizado para esse fim no futuro. Todos os recebíveis do grupo vão para lá e se uma das empresas têm excesso de caixa e a outra, sobra, uma empresa empresta para a outra. "Racionalizamos a administração de nosso caixa, que não fica mais parado por vários dias para evitar pagamento de CPMF e/ou de IOF", relata Schiriak. Os ganhos fiscais foram "consideráveis", diz, sem querer citar números. O trabalho para implantação do fundo não foi pequeno - o sistema demorou cerca de cinco meses para ser implantado e devidamente testado com todas as empresas não-financeiras do grupo. Com a centralização das finanças das empresas na holding, a Votorantim Industrial conseguiu redução na taxa de administração de seu FIDC e de seus fundos exclusivos junto aos bancos. "Ganhamos em volume", conta. Hoje, a Votorantim Industrial diz que trabalha com quatro bancos no dia a dia e e dez bancos internacionais. "São parcerias de mais longo prazo", diz Schiriak. Neste momento, a empresa está implantando um sistema de gestão integrado de mais de 10 mil usuários e Schiarik diz que pretende implantar junto com esse sistema instrumentos mais aprimorados de gestão de risco e tesouraria, que vão ajudar nos trabalhos de sua equipe. (CPL)