Título: Merrill Lynch consegue boa posição
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2005, CAPTAÇÕES EXTERNAS, p. Fs

A Merrill Lynch conseguiu posição importante no "Ranking Valor de Captações Externas" de 2004. Embalada pela liderança em operações de peso - como uma para a República e outra para a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) -, a Merrill Lynch liderou US$ 1,755 bilhão em captações no ano passado. Com esse desempenho, ganhou a primeira posição em três categorias: bônus corporativo (exceto República), bônus corporativo privado (exceto República e bancos e empresas públicas) e ainda bônus corporativo financeiro (exceto República e empresas não-financeiras do setor público e privado). O total de emissões lideradas, entretanto, reduziu-se consideravelmente quando comparado aos números da Merrill Lynch em 2003, quando a corretora norte-americana ficou em primeiro lugar no "Ranking Valor de Captações Externas", à frente de US$ 3,775 bilhões captados. Richard Rainer, co-responsável pelo banco de investimento da Merrill Lynch no Brasil, considera que a queda de US$ 2 bilhões no volume liderado pelo banco se deveu a uma redução no total de operações realizadas pela Merrill Lynch para a República. Em 2003, o banco fez US$ 2,5 bilhões de captações somente para o governo federal, na comparação com os US$ 750 milhões realizados em 2004. "A grande diferença foi a República", afirma ele. Em junho, a Merrill Lynch liderou operação inovadora para o governo federal, com taxas de juros flutuantes. "E nessa ocasião tivemos uma demanda muito maior, de quase US$ 3 bilhões", afirma Rainer. Apesar disso, a República tomou US$ 750 milhões. Do lado corporativo, as operações de maior volume realizadas no mercado externo em 2004 foram para as empresas exportadoras, como a Vale do Rio Doce. "Ocorreram várias operações interessantes no ano passado, mas não em grande quantidade. E isso se deveu principalmente ao receio das corporações de ficarem com descasamento entre seus ativos em reais e passivos em dólar", segundo afirma o executivo . A expectativa da Merrill Lynch é que a alta dos juros norte-americanos tenha um impacto importante no mercado em 2005, da mesma forma como aconteceu no ano passado. De qualquer maneira, afirma Augusto Urmeneta, diretor de mercado de capitais da Merrill, os bancos e empresas brasileiros têm feito captações a custo menor e com prazos mais amplos e generosos, aproveitando a liquidez internacional e o fato de as principais taxas internacionais ainda estarem em níveis historicamente baixos. Urmeneta aproveita para elogiar a postura do Banco Central brasileiro, que, na sua perspectiva, demonstra "prudência" na condução de sua política monetária. "Os juros no Brasil são resultado de uma política monetária que é bem vista no mercado internacional. O BC não descuida dos fundamentos e isso é importante", avalia Urmeneta. Richard Rainer diz ainda que o mais provável é que o ano de 2005 não guarde surpresas para as operações brasileiras no mercado internacional de capitais. "Acredito que neste ano teremos mais do mesmo, em comparação com o que vem acontecendo nos últimos meses", afirma Rainer. Para ele, o Brasil já está bem mais maduro. "O governo já demonstrou que pretende manter uma política monetária responsável." Além da operação da República (feita em parceria com a Goldman Sachs) e da Companhia Vale do Rio Doce, a Merrill Lynch também foi responsável pela liderança de duas securitizações de fluxos financeiros - venda de títulos lastreados em ordens de pagamento -, uma para o Banco Itaú, de US$ 105 milhões, e outra para o Santander Banespa, de US$ 400 milhões.