Título: Serra rebate acusação de petistas
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Fonte: Valor Econômico, 09/12/2008, Política, p. A5
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), rebateu ontem o PT, que culpou o PSDB pela atual crise financeira, afirmando que o fato chega a ser "engraçado e extraordinário". "O PSDB saiu do governo em 2002, mas você vê que tem um poder extraordinário. Seis anos depois, com amplo apoio da opinião pública que o (atual) governo tem a maioria no Congresso, a culpa é do PSDB. Eu acho que é algo até engraçado, e não deixa de ser extraordinário", afirmou Serra. Eduardo Anizelli/Folha Imagem
Serra sorri ao comemorar Datafolha e comete ato falho ao comentar frutos da agência de desenvolvimento lançada ontem: "Em 2010, 2011, eu não estou mais aqui."
Durante reunião da direção nacional, o tesoureiro petista culpou o PSDB pela crise econômica que atinge o Brasil. "É a crise de um modelo do qual o governo FHC e o DEM foram os grandes patrocinadores no Brasil. Foi a desregulamentação do Estado, da forma de trabalho, sem proteções, as privatizações. É esse modelo que está em crise", disse. E o atual presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, concordou. "Eles avalizaram o movimento neoliberal no Brasil".
Serra, no entanto, evitou dar sua opinião sobre como o governo está conduzindo a crise internacional, que atinge o Brasil. "Não vou ficar aqui fazendo fla-flu, tem coisa que está fazendo direito e tem coisa que poderia fazer melhor", resumiu.
Serra comemorou o resultado da pesquisa Datafolha divulgada ontem pela "Folha de S. Paulo" que indica o tucano na liderança para a eleição presidencial de 2010: "É bom estar na frente numa pesquisa, mas tenho presente que faltam dois anos para a eleição e que pesquisa é uma fotografia do momento. Estar bem na foto não é ruim, evidentemente que me agrada", disse o tucano.
Serra lidera a pesquisa com taxas que variam de 36% a 47%, conforme o cenário. O segundo colocado, deputado Ciro Gomes (PSB), caiu de cinco a seis pontos, enquanto a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), subiu cinco pontos e varia hoje de 7% a 12%. A ex-senadora Heloísa Helena (P-SOL) manteve-se estável. No cenário em que Serra é o nome do PSDB, o tucano subiu de 38% para 41%, enquanto Ciro caiu de 20% para 15%. Heloísa Helena manteve seus 14%, e Dilma subiu de 3% para 8%.
"Eu não fiz nada para chegar nesse patamar, nem estou preocupado em como me manter. Minha preocupação é trabalhar aqui em São Paulo, é me desempenhar o melhor possível como governador para corresponder às expectativas da eleição. Eu tive quase 60% dos votos no primeiro turno, é uma responsabilidade enorme", afirmou Serra.
O tucano disse ainda que não estar preocupado com articulações nacionais. "A todo momento ficam me pondo nessas coisas. Tem eleição no Senado, aí vem o pessoal e diz que estou por trás, mas isso é uma tendência natural. Tem fatos até que eu ignoro e fico sabendo pela imprensa que eu que estou articulando."
O governador lançou ontem, no Palácio dos Bandeirantes, a Investe São Paulo, a Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, para atrair novos investimentos e expandir empresas já instaladas no Estado.
Em meio ao seu pronunciamento no evento, Serra cometeu ato falho ao questionar um funcionário do governo sobre o número de bolsas para pesquisadores em um determinado projeto estadual. Ao ter a resposta de que o programa contava atualmente com 60 bolsistas e que o número crescerá ao longo dos próximos anos, o governador lamentou o dado e comentou: "Mas em 2010, 2011, eu não estou mais aqui."
Questionado depois sobre a afirmação, Serra disse apenas que falou isso porque seu mandato acaba em 2010. (Com agências noticiosas)